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TPI deteve Laurent Gbago por crimes contra Humanidade

TPI deteve Laurent Gbago por crimes contra Humanidade

Apoiantes do anterior presidente da Côte d’Ivoire do atual presidente Ouattara, estiveram envolvidos em confrontos no período pós-eleitoral das presidenciais de 2010.

[caption id="attachment_208231" align="alignleft" width="350" caption="Laurent Gbagbo"]

Susete Sampaio, da Rádio ONU em Lyon.

O anterior presidente da Côte d’Ivoire, também conhecida como Costa do Marfim, está detido desde terça-feira na prisão do Tribunal Penal Internacional, TPI em Haia, na Holanda.

Laurent Gbagbo, de 66 anos, foi entregue pelas autoridades do seu país, devido a um mandado de captura expedido sob sigilo no dia 23 de novembro pela Câmara Preliminar nº 3 do TPI.

Suspeita

A Côte d’Ivoire não faz parte do Estatuto de Roma do TPI mas aceitou a competência do Tribunal em 2003.

Laurent Gbagbo, que já tinha recebido aviso do TPI há um ano, assumiu a responsabilidade penal individual, como coautor indireto de quatro tipos de acusações de crimes contra a humanidade, em particular homicídios, violações e outras violências sexuais, perseguições e outros atos desumanos.

Segundo relatos recebidos pelas Nações Unidas, milhares de pessoas morreram e pelo menos 600 mil foram deslocadas devido à violência causada após o resultado da votação presidencial, que opôs Gbagbo a Alassane Ouattara, atual presidente.

Os crimes terão sido cometidos no contexto dos confrontos pós-eleitorais na Côte d’Ivoire entre o 16 de dezembro de 2010 e o 12 de abril deste ano.

Crime

A Câmara preliminar nº3 concluiu que há indícios suficientes para acreditar que no dia posterior às presidenciais, as forças pró-Gbagbo atacaram civis em Abidjan e no ocidente do país, que confundiram com apoiantes do candidato da oposição.

A Câmara alegou também que há razões suficientes para acreditar que Gbagbo e os seus apoiantes tinham organizado um plano e estavam conscientes que a sua aplicação levaria a tais crimes.

Em declaração desta quarta-feira do promotor-chefe do TPI, Luis Moreno Ocampo, “a violência contra civis considerados como inimigos políticos foi premeditada”.

Moreno Ocampo frisou ainda que “os dirigentes políticos devem perceber que a partir de agora, vai deixar de ser possível recorrer à violência para aceder ao poder e lá se manter”. Isso, porque “ninguém poderá mais escapar à justiça por tais crimes”, acrescentou.