Alto representante para desarmamento diz que incidente na Usina de Fukushima-Daichi, no Japão serviu de alerta para países que querem investir em energia atômica; Sérgio Duarte reforçou a necessidade de transparência das ações dos governos sobre o assunto.
Victor Boyadjian, da Rádio ONU em Nova York*
Representantes de vários países, reunidos em Nova York, discutiram formas de melhorar a segurança de instalações nucleares em todo o mundo.
A Conferência, realizada nesta quinta-feira, foi convocada pelo Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon.
Segurança
O alto representante para Desarmamento das Nações Unidas, Sérgio Duarte, explicou que os debates servem para evitar novos acidentes como o ocorrido na Usina de Fukushima-Daichi, após o terremoto e o tsunami do Japão.
Duarte lembrou que apesar de um desastre natural, uma situação semelhante poderia ocorrer devido a um ataque terrorista.
Ele defendeu melhora na qualidade de todos os aspectos de segurança internacional para instalações nucleares.
“Uma coisa é a ‘safety’, que as instalações sejam seguras. Outra coisa é a ‘security’, que as instalações não sejam objeto de sabotagem. Porque, se houver um ataque terrorista a uma instalação nuclear, as consequências serão semelhantes a de um grande desastre, como de Fukushima”, afirmou.
Inovação Tecnológica
Desde o incidente no Japão, vários países anunciaram uma revisão nos projetos de novas usinas nucleares. Outras nações ampliaram os critérios de segurança das instalações.
O Brasil, por exemplo passou a atualizar as regras para o funcionamento das usinas Angra 1 e 2. O governo brasileiro também assegura que a Usina Angra 3, em fase de construção, está sendo erguida sob as técnicas mais modernas de segurança.
Mas para o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, que também discursou no evento, “o excesso de zelo pode prejudicar o desenvolvimento da tecnologia nuclear.”
Documento
“O fortalecimento do sistema de segurança não pode ser usado para impedir a transferência de tecnologia, o domínio autônomo da tecnologia para fins pacíficos e a pesquisa científica”, disse.
Nesta semana foi endossado o documento de Ação para a Segurança Nuclear, baseado numa declaração feita em junho pela Conferência Ministerial sobre o assunto.
O documento teve o apoio de todos os 151 Estados integrantes da Agência Internacional de Energia Atômica.