ONU declara fome em duas regiões da Somália
Bakool e Baixa Shabelle albergam maior parte dos 2,8 milhões de vítimas no sul; Ocha aponta necessidade de mais de US$ 300 milhões, para os próximos dois meses.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU, em Nova Iorque.
As Nações Unidas declararam fome nas regiões de Bakool e Baixa Shabelle, no sul da Somália.
Numa conferência de imprensa, realizada esta terça-feira, em Nairóbi, o coordenador humanitário na Somália, Mark Bowden, disse que cerca de metade da população, ou 3,7 milhões de pessoas, está em situação de crise. Destes, 2,8 milhões estão no sul.
Necessidades Básicas
De acordo com a organização, a fome se dá quando as taxas de malnutrição aguda entre crianças ultrapassam os 30%, mais de duas pessoas em cada 10 mil morrem por dia e não há acesso a alimentos e outras necessidades básicas.
Bowden disse que só para a Somália, são necessários mais de US$ 300 milhões, durante os próximos dois meses, para ajudar os mais necessitados. Falando à Rádio ONU, de Roma, a chefe de serviços de operações de emergência da FAO, Cristina Amaral, falou da intervenção da FAO.
Acesso à Comida
“Para evitar que a situação entre numa espiral fora do controlo é muito importante apoiar as populações na zona, e sobretudo no sul da Somália, para que possam ficar nas suas terras e aldeias. Para fazer isso é preciso dar-lhes um apoio, encorajar trabalhos públicose fazer acções para manter os bens produtivos, os animais vivos, que são uma fonte de rendimento ou o banco dos pobres”, explicou.
Nos últimos anos, a Somália é afectada por secas consecutivas e uma série de conflitos que dificultam a operação das agências humanitárias para as comunidades do sul.
A FAO indica terem morrido dezenas de milhares de pessoas nos últimos meses. Só nos últimos seis meses, o número de pessoas em crise ultrapassou um milhão e mais de 166 mil fugiram do país para buscar refúgio nos países vizinhos desde o princípio do ano.