ONU elogia Senegal por suspender repatriação de ex-presidente do Chade
Alta comissária de Direitos Humanos, Navi Pillay, havia afirmado que Hissène Habré poderia sofrer represálias caso voltasse a seu país de origem; mas segundo ela, ex-líder não pode continuar vivendo de forma impune no Senegal.
[caption id="attachment_201242" align="alignleft" width="350" caption="Navi Pillay"]
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
As Nações Unidas saudaram a decisão do Senegal de não extraditar, por enquanto, o ex-ditador do Chade, Hissène Habré.
O apelo de suspender a repatriação foi feito pela alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, no fim de semana. Segundo ela, não havia condições de segurança favoráveis ao retorno do ex-líder chadiano.
Crimes contra a Humanidade
Mas para Pillay, Habré não pode continuar vivendo no Senegal de maneira impune.
Um dos receios da alta comissária no retorno do ex-ditador ao Chade eram as possíveis represálias. O porta-voz do Alto Comissariado de Direitos Humanos, Rupert Colville, disse, nesta terça-feira, em Genebra, que havia um risco real de Habré ser torturado na volta ao país africano.
Ele está vivendo no Senegal há 20 anos. Segundo Colville, o Senegal deve extraditar o ex-líder para um país seguro, onde ele possa obter um julgamento justo, ou iniciar os procedimentos para levá-lo a julgamento no próprio Senegal.
Bélgica
Colville lembrou que esta é a opinião também da União Africana e do resto da comunidade internacional. Segundo ele, abrigar uma pessoa que cometeu tortura e crimes contra a Humanidade, sem julgamento, é uma violação das leis internacionais.
Habré governou o Chade, no centro-norte da África, de 1982 a 1990, quando ele foi deposto e se asilou no Senegal. De acordo com alegações, milhares de pessoas teriam sido torturadas e mortas durante o governo dele. Apesar dos apelos da União Africana para que ele possa ser extraditado, o único país que concordou em realizar o julgamento foi a Bélgica.