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Aumento de mortalidade infantil em acampamentos é “alarmante”, diz Acnur BR

Aumento de mortalidade infantil em acampamentos é “alarmante”, diz Acnur

Para Alto Comissariado da ONU “já existe uma crise” no Chifre da África; região vive pior seca dos últimos 60 anos; em um dos acampamentos para refugiados somalis no Quênia, Dadaab, óbitos subiram até 600%.

Daniela Gross, da Rádio ONU em Nova York.

O aumento no número de crianças morrendo no maior acampamento de refugiados do mundo é “alarmante”, diz o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur.

O acampamento de Dadaab, no Quênia, abriga, no momento, quase 400 mil refugiados da Somália. Eles cruzaram a fronteira fugindo da seca e do conflito que afeta o país.

Crise

Em uma das áreas do Dadaab, a taxa de mortalidade inflantil teve um aumento de 600% em comparação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com o Acnur, as famílias chegam exaustas ao acampamento. Os novos refugiados são registrados e alimentados, mas muitas vezes as pessoas estão num estado de “deterioração” tão grande que já é muito tarde para fazer qualquer coisa.

A gerente regional de Nutrição e Segurança Alimentar do Acnur, Alisson Oman, alertou que “já existe uma crise”, em referência à pior seca dos últimos 60 anos que atinge a região conhecida como o Chifre da África.

Viagem

O alto comissário para Refugiados, António Guterres, visitou o acampamento neste final de semana para conferir a situação “desesperadora” dos somalis que chegam ao Quênia. Guterres ouviu casos como o de uma mulher que perdeu três crianças durante a viagem até o local.

Além do Quênia, um outro acampamento na Etiópia também já recebeu mais de 54 mil somalis desde o início do ano. Para Guterres, a “Somália representa o pior desastre humanitário no mundo.”

FAO

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, diz que a seca em Djibuti, Etiópia, Quênia, Somália e Uganda não recebeu a mesma atenção dada a outros desastres humanitários.

De acordo com a agência, milhares de crianças, mulheres e homens estão vulneráveis à fome e à má nutrição.

A FAO alerta que o número de pessoas precisando de assistência de emergência subiu de 6,3 milhões para 10 milhões, e que planos de ação pedem uma parceria entre países e organizações humanitárias.