Relatório da agência da ONU afirma que parceiros económicos cada vez mais importantes no Sul podem ajudar esta transformação africana através do aumento de fluxos financeiros e comerciais, apoio na área de infraestruturas e transferência de tecnologia e conhecimentos.
Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova Iorque.
África deveria tomar medidas para assegurar que as suas crescentes relações comerciais com grandes economias emergentes, como o Brasil, Índia e China, resultem numa diversificação económica em vez de uma simples venda de matérias primas e outros produtos.
A afirmação consta do novo "Relatório sobre Desenvolvimento Económico em África-2010", divulgado esta sexta-feira em Genebra pela Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad.
Transformação
O documento afirma que parceiros económicos cada vez mais importantes no Sul podem ajudar esta transformação africana através do aumento de fluxos financeiros e comerciais, apoio na área de infraestruturas e transferência de tecnologia e conhecimentos.
O estudo avisa que, até agora, fluxos de investimentos com o Sul estão a reforçar a longa tendência dos países africanos exportarem produtos agrícolas, minérios e petróleo e importarem bens manufacturados.
A Unctad diz que esta situação deveria ser mudada enquanto a cooperação Sul-Sul ainda está na sua fase inicial.
O economista da Divisão África da agência das Nações Unidas, Rolf Traeger, disse à Rádio ONU, de Genebra, que a cooperação Sul-Sul pode reforçar o potencial de desenvolvimento no continente africano.
"As relações Sul-Sul da África, ou seja, entre os países africanos e as outras nações em desenvolvimento estão-se intensificando em termos de comércio, investimentos e cooperação ao desenvolvimento e isto dá uma alternativa para o crescimento dos países africanos. Também oferece uma alternativa para a diversificação dos fluxos comerciais, financeiros e conhecimentos e cooperação técnica", afirmou.
O estudo da Unctad revela que o total de fluxos comerciais entre o continente e países em desenvolvimento não-africanos passou de US$ 34 mil milhões em 1995 para US$ 283 mil milhões em 2008.