Estudo da Cepal revela que jovens haitianos que deveriam estar estudando muitas vezes supervisionam parentes ou trabalham em casas de outras famílias para cuidar de crianças; 60% desse mercado de trabalho infantil é formado por meninas.
Daniela Traldi, da Rádio ONU em Nova York.*
Somente 2% das crianças haitianas menores de cinco anos de idade recebem educação pré-escolar, segundo estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, Cepal.
O relatório ‘A Economia do Cuidado Infantil no Haiti' revela que menos de 1% das mães com trabalho remunerado deixam os filhos em creches e que a família é a principal responsável pelos cuidados às crianças, seja por irmãos mais velhos, amigos ou vizinhos.
Meninas
Segundo o estudo, a tendência em assumir responsabilidade sobre os irmãos mais novos é generalizada no país.
Jovens que deveriam estar estudando muitas vezes supervisionam parentes ou trabalham em casas de outras famílias para cuidar de crianças e serviços domésticos.
A Cepal afirma que 60% desse mercado de trabalho infantil é formado por meninas.
O relatório aponta para fracas políticas de Estado, piora das condições de pobreza da maioria da população após o terremoto e fatores que impedem a escolarização de meninos e meninas e levam à desintegração das famílias.
Exploradores
O estudo alerta que, quando mulheres chefes de família deixam crianças sob a responsabilidade de outras pessoas que também tem que cuidar dos próprios filhos, a situação é aproveitada por traficantes de todo tipo, incluindo os exploradores sexuais.
A Cepal ressalta a necessidade de um modelo de proteção social universal para o Haiti, com prioridade para políticas de educação pré-escolar.
*Apresentação: Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.