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Hospitais Mais Resistentes

Hospitais Mais Resistentes

Tema deste ano do Dia Mundial da Saúde sugere o investimento em infra-estrutura para que os hospitais tornem-se capazes de resistir catástrofes naturais como ciclones, terremotos e inundações.

Michelle Alves de Lima, da Rádio ONU em Nova York*.

Sob o tema "Salvar vidas. Tornar os hospitais seguros em situações de emergência", o Dia Mundial da Saúde foi comemorado neste sete de abril.

Segundo a ONU, é preciso investir em infra-estruturas resistentes e sistemas capazes de atender às possíveis emergências dentro dos hospitais.

Emergências

Numa mensagem, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que os trabalhadores da saúde não devem se tornar vítimas de catástrofes naturais ou emergências porque os hospitais não estão bem preparados.

A OMS afirma que o custo para a construção de um hospital resistente a tremores, inundações ou ventos fortes, é surpreendentemente baixo; nos casos de reforma de uma obra preexistente, os valores são menores ainda.

Brasil

O médico, Benedito Fernandes Pinto, do Hospital Universitário de Brasília, disse à Rádio ONU que a saúde no país ainda enfrenta muitas dificuldades.

"Falta treinamento, faltam recursos. A assistência médica do Brasil está na UTI. Falta infra-estrutura, treinamento de profissionais. O que acontece é que o médico precisa voltar a desempenhar seu papel fundamental de cuidador, onde ele mesmo é um poderoso medicamento", relatou o obstetra.

Fernandes Pinto aponta ainda a maneira com que os hospitais do país estão lidando com epidemias como a dengue.

"Estamos em fase de maior incidência na Bahia, no Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro. As pessoas ficam em macas. Imagine só uma epidemia, uma crise maior?"

Moçambique

A precária infra-estrutura nos hospitais também é realidade em Moçambique. O arquiteto, Guilherme Coelho, da organização Médicos Sem Fronteiras, MSF, trabalhou por um ano no país.

Ele falou à Rádio ONU, de Bruxelas, onde vive atualmente, sobre o que observou do sistema de saúde do país africano.

"Você tem uma infra-estrutura de saúde que já é precária pelo tempo de existência e pela falta de manutenção. Ela por si só já não tem condições de suprir a capacidade atual, e se você fizer a projeção da demanda que vai surgir com o aumento populacional, o cenário que vai surgir realmente é caótico", disse.

Segundo o arquiteto, a solução adotada por Moçambique para evitar que os frequentes casos de alagamentos destruam os hospitais é simples:

"Justamente por saber disso, não se constroi nas áreas que vão ser alagadas. O que se faz é tentar melhorar a infraestrutura existente para conseguir prestar serviço à comunidade que vai sofrer a enchente", contou.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS, alguns países perderam até 50% de sua capacidade hospitalar em situações de emergência causadas por terremotos ou inundações.

*Apresentação: Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.