Perspectiva Global Reportagens Humanas

Especial Haiti: Embaixador Igor Kipman

Especial Haiti: Embaixador Igor Kipman

Embaixador brasileiro no Haiti defende renovação do mandato da Minustah e considera inovadora a missão de paz da ONU.

Fabíola Ortiz, enviada especial a Porto Príncipe, Haiti*.

O embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman, defendeu a renovação do mandato da Missão de Estabilização das Nações Unidas no país, Minustah. A decisão cabe ao Conselho de Segurança. O mandato expira no próximo dia 15.

A missão está no país caribenho com um efetivo de 10,5 mil pessoas entre tropas militares, policiais, funcionários civis e voluntários. O contigente reúne militares de 18 países.

Convite

A Minustah é comandada pelo Brasil desde seu início em 2004 e após a saída do presidente Jean-Bertrande Aristide do poder.

Numa entrevista exclusiva à repórter Fabíola Ortiz, para a Rádio ONU, o embaixador do Brasil na capital haitiana, Igor Kipman, disse que não é possível fixar um prazo para a retirada das tropas.

“É muito provável que a renovação do mandato aconteça porque o governo haitiano assim o deseja. Nós estamos aqui a convite do governo haitiano, ninguém está impondo nada. Nem a ONU e muito menos o Brasil. A comunidade internacional ainda considera que é necessária a presença da Minustah aqui. A saída da Minustah hoje seria relativamente desastrosa para o país. Tudo leva a crer que esse ano seja renovado por mais 12 meses. Eu não tenho como fixar prazo. Hoje para falar em prazo é difícil”, disse.

Ajuda

O embaixador brasileiro ressaltou que o Haiti é o país que mais recebe ajuda internacional per capita no mundo. E que a comunidade internacional tem realizado esforços para o desenvolvimento do país a fim de revitalizar as instituições públicas, criar infra-estrutura e recuperar a produção local de alimentos.

“Toda a comunidade internacional, o Brasil incluído, está trabalhando no sentido de dotar o Haiti de condições para que os haitianos tomem o seu desenvolvimento nas suas próprias mãos, essa é a intenção. Nesses 200 anos de independência, eles ainda não conseguiram chegar nesse ponto. É uma revitalização das instituições, recuperação da economia por meio da criação de emprego de atividades de alta intensidade de mão-de-obra, recuperação da produção local de alimentos e entregar no futuro não tão distante nas mãos dos haitianos para que eles possam desenvolver a sua sociedade num ambiente democrático e seguro”, explicou.

O embaixador encerrou dizendo que a Minustah inovou, pois além da segurança, a missão possui vertentes que visam o desenvolvimento e a redemocratização do país.

“É uma missão de paz inovadora em vários sentidos que visa o desenvolvimento do país, a revitalização das instituições, a recuperação da economia e a segurança. São vários os objetivos. Ela tem a vertente militar mas tem a vertente civil que é tão importante quanto a outra”.

O Brasil deverá contribuir também para as próximas eleições a serem realizadas no Haiti em 2011. Segundo o diplomata brasileiro, elas estão orçadas em US$ 16 milhões, o equivalente a cerca de R$ 32 milhões e serão financiadas pela comunidade internacional. O Brasil deverá contribuir com cerca de US$ 500 mil.

*Reportagem: Unic Rio, Brasil.