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Unctad alerta sobre futuro da economia mundial

Unctad alerta sobre futuro da economia mundial

Relatório expõe fragilidades da economia global e aponta caminhos a seguir para maior estabilidade.

Samantha Barthelemy, Rádio ONU em Nova York.*

A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, lançou esta quinta-feira o Relatório sobre Comércio e Desenvolvimento 2008.

Segundo o documento, as perspectivas para a economia global são pouco animadoras devido a factores como a incerteza e a instabilidade nos mercados financeiros internacionais, mercado de câmbios e dúvidas quanto à orientação da política monetária em alguns dos principais países desenvolvidos.

Flutuações

O relatório da Unctad tem como foco a situação dos países em desenvolvimento, os mais vulneráveis às flutuações nos preços dos produtos de base.

O antigo secretário-geral da Unctad, Rubens Ricupero, falou à Rádio ONU, de São Paulo, sobre o que este relatório traz de novo.

“Pela primeira vez, nós estamos a assistir a uma crise mundial que, sobretudo, se concentra no coração das economias industrializadas dos países mais avançados. E curiosamente, não com tanta força, nos países em desenvolvimento, graças sobretudo a esse fenómeno novo que foi a emergência ou a re-emergência da China e da Índia como grandes economias”, disse.

Crescimento

O relatório prevê um crescimento da produção mundial de cerca de 3% em 2008, quase um ponto percentual menos do que em 2007.

As perspectivas a curto prazo são mais positivas para os países em desenvolvimento, onde o crescimento do PNB poderá ultrapassar os 6%. Nos países desenvolvidos, o crescimento ficará em torno de 1,5%.

Exposição

Segundo Rubens Ricupero, África está menos exposta do que em crises anteriores.

“Os países africanos, nos últimos anos, têm tido um desenvolvimento muito mais alentador do que tiveram até há cinco anos, em grande parte pelo mesmo fenómeno: a procura chinesa e asiática pelos produtos primários exportados por esses países”, afirmou.

Para os economistas da Unctad, entre várias medidas seria importante combater a especulação que afecta os preços das matérias-primas.

A longo prazo, segundo o documento, a diversificação industrial é a melhor estratégia para reduzir as vulnerabilidades relativamente às flutuações nos preços dos produtos de base.

Apresentação*: João Duarte, Rádio ONU em Nova York.