Perspectiva Global Reportagens Humanas

Exclusiva: Maria Luiza Ribeiro Viotti

Exclusiva: Maria Luiza Ribeiro Viotti

Embaixadora do Brasil na ONU (foto) comenta resolução histórica da Assembléia Geral estabelecendo cronograma para início das conversações sobre reforma do Conselho de Segurança. (Tempo Total: 3:20”)

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Rádio ONU:Embaixadora, qual é o significado dessa decisão da Assembléia Geral?

Maria Luiza Ribeiro Viotti:: É um prazer voltar a conversar com você e com a Rádio ONU em Português. O Brasil está muito satisfeito com a decisão adotada ontem por unanimidade pela Assembléia Geral e essa decisão é muito importante porque confere à Assembléia um mandato claro para que as negociações sobre o Conselho de Segurança das Nações Unidas se iniciem, no mais tardar, a 28 de Fevereiro de 2009.

RO: Na prática, de que forma essa decisão pode aumentar as chances de o Brasil e de outros países interessados em conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança?

MLRV: É uma decisão que é muito importante porque marca uma nova fase neste processo. Até agora, nós tratamos da reforma do Conselho através de consultas e a partir deste momento, há uma decisão muito clara de que se iniciam negociações. Há uma definição de data para o início das negociações; há uma definição do fórum, que será o plenário da Assembléia Geral e uma base inclusiva, que contempla todas as propostas existentes e as posições de todos os países. Portanto, é uma resolução que inaugura uma nova fase na discussão sobre a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

RO: Até o momento, essas conversações estavam sendo feitas em um grupo de trabalho. Com o acordo, essa discussão passa a ser um debate muito mais amplo, que será submetido à votação, em um plenário ainda maior: o da Assembléia Geral. O que levou a essa mudança, que significa bastante progresso para esse tipo de negociação?

MLRV: É verdade, há uma mudança bastante importante: passamos de um grupo de trabalho – que continua a existir, a fazer consultas – e passaremos a utilizar o plenário da Assembléia Geral, que é um fórum muito mais amplo, onde as decisões podem ser tomadas pelo voto. É importante trabalharmos por um consenso amplo, por um entendimento o mais amplo possível. Mas as emendas à Carta das Nações Unidas são objeto de uma regra muito clara, cuja maioria é de dois terços. Quando passamos ao plenário, passa a vigorar essa regra. E essa resolução é resultado de um grande esforço do G-4, formado por Brasil, Índia, Alemanha e Japão. Além do G-4, outro grupo de países em desenvolvimento, no qual o Brasil também faz parte, junto com a Índia, África do Sul e Nigéria, interessados em uma maior participação de países em desenvolvimento no Conselho de Segurança.

RO: A senhora gostaria de acrescentar mais alguma informação?

MLRV: Eu gostaria de acrescentar que essa decisão também é fruto de um trabalho de mediação paciente e muito habilidoso desenvolvido pelo então presidente da Assembléia Geral, Srgjan Kerim, que com este resultado, encerrou com chave de ouro a presidência dele na noite dessa segunda-feira.

FIM