Infecções com HIV cairam 10% desde 2005, diz ONU

Número de casos baixou de 3 milhões para 2,7 milhões; África continua a ser a região mais afectada com 67% dos soropositivos do mundo.

João Duarte, Rádio ONU em Nova York.

O relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Sida, Unaids, sugere que desde 2005 houve uma redução de 10% no número de novas infecções.

Segundo o relatório, “Situação da Sida no Mundo”, 33 milhões de pessoas vivem com o HIV.

Prevalência

Mais de seis, em cada 10 infectados, moram em países africanos.

De acordo com o estudo, lançado na sede da ONU, em Nova Iorque, desde 2005, o número de novos casos baixou de 3 milhões para 2,7 milhões, o equivalente a uma redução de 10%.

Segundo o Unaids, o tratamento com antiretrovirais e acções de prevenção são as causas para a queda da prevalência mundial.

Mas de acordo com o director-executivo do Unaids, Peter Piot, apesar do relatório ser o mais positivo até agora, a prevenção contra a doença não deve ser esquecida.

O representante do Unaids no Brasil, Pedro Chequer, disse à Rádio ONU, que apesar dos avanços, a esperança de uma vacina não se tornou realidade.

Compromissos

“Há logros do ponto de vista do uso do preservativo, do aumento da sobrevivência em função da terapia antiretroviral que os países vêm alcançando, mas com certeza ainda estamos ainda aquém daquilo que era esperado do ponto de vista dos compromissos assumidos e pelas dificuldades de se implementar as acções”, disse.

Chequer falou ainda sobre a situação dos países lusófonos. Moçambique continua a ser o caso mais grave com 15% de prevalência. Brasil e Timor-Leste têm as prevalências mais baixas.

Transmissão Vertical

“Nós temos a epidemia altamente feminizada e heterossexualizada, especialmente em África. Em algumas faixas etárias, como por exemplo 19-24 anos, a população feminina pode alcançar inclusive cifras de 70%. Uma vez que é um aspecto importante a desigualdade de género, a violência contra a mulher, e em algumas culturas há ainda infelizmente uma tendência à submissão à vontade masculina em relação a decisões importantes”, afirmou.

O estudo revela que o número de grávidas com acesso a antiretrovirais subiu de 14% para 33%. O tratamento evita a transmissão vertical, da mãe para o bebé.

O relatório do Unaids é apresentado a cada dois anos.