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Autismo: Um Auto-Retrato

Autismo: Um Auto-Retrato

Em 2 de abril, as Nações Unidas marcaram o Dia Mundial de Conscientização do Autismo; a Rádio ONU conversou com o escocês Duncan Ferguson (foto), de 40 anos, e a família dele sobre a convivência com a síndrome.

Mônica Villela Grayley, Rádio ONU em Nova York.

Duncan Ferguson nasceu em 1968 na Escócia como o primeiro filho do casal Keith e Doreen. Aos cinco anos, os pais receberam um bilhete da professora de Duncan sobre o comportamento dele nas salas de aula.

O bilhete dizia que ele era inquieto, não aprendia direito e incomodova as outras crianças.

Postos de Saúde

A partir daí, uma visita ao médico o diagnosticou como autista. Uma palavra, que na época, era quase desconhecida nos postos de saúde locais da Escócia, como explica o pai de Duncan, Keith, numa entrevista por telefone.

Keith Ferguson conta que as autoridades locais não sabiam sequer o que significava autismo. E tentaram convencê-lo de que o filho era apenas uma daquelas crianças que não conseguem se adaptar às outras da mesma idade.

Cérebro

A partir daí, o casal embarcou numa missão de procurar saber mais informações sobre a síndrome e também de chamar a atenção para o autismo.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, autismo é uma desordem complexa de desenvolvimento, que pode aparecer durante os três primeiros anos de vida.

Há efeitos sobre o cérebro atingindo a interação social e a comunicação oral.

A médica da Organização Pan-Americana da Saúde, Maristela Monteiro, disse à Rádio ONU, de Washington, que ao contrário do passado, pessoas com autismo têm mais chance hoje de levar uma vida normal.

Filhos

"A síndrome da desordem do autismo não tem cura. Mas, as pessoas podem levar vidas produtivas e completar sua instrução e , inclusive, viverem independentemente quando adultas, casarem e terem filhos", disse.

Um outro aspecto associado a autistas é a questão da inteligência. Segundo Keith Ferguson, o filho não diferia em nada de outras crianças sobre o tema. Mas tinha e tem uma capacidade, talvez maior, de memorizar números e figuras.

Precisão

Keith conta que o filho era inteligente como aluno e sempre montou com rapidez brinquedos, quebra-cabeças. Segundo ele, ainda hoje, Duncan consegue reproduzir imagens vistas uma só vez com bastante precisão em desenhos.

Após começar um curso de pintura, Duncan Ferguson produziu um auto-retrato. Nesta entrevista, ele me diz que foi a melhor pintura que já fez até hoje.

Duncan me contou ainda sobre um de seus hobbies prediletos: coleção de miniaturas de carros.

Coleção

Duncan me diz que a coleção está aumentando a cada ano. Ele agora já tem milhares de modelos de carros, caminhões e outros veículos.

A história de Duncan demonstra ainda a persistência e o amor de pais que investiram nos filhos para que juntos pudessem vencer barreiras. Mas segundo o pai de Duncan, Keith, há 40 anos, a luta contra o preconceito aera um grande obstáculo.

Keith Ferguson conta que muitos não entendiam o comportamento do menino e diziam que ele como pai deveria dar mais educação ao filho.

Ensinar Tudo

E segundo ele, ensinar ao filho como viver em sociedade foi uma tarefa que começou cedo.

Keith Ferguson conta que teve que ensinar ao filho tudo: desde como se comportar até como ler e escrever.

A história de Duncan, Keith e Doreen é semelhante a de muitas famílias que enfrentam o dia-a-dia do autismo.

Mensagem de Ban Ki-moon

E em sua mensagem oficial para marcar a data, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, fez questão de também prestar homenagem à coragem das crianças autistas e de suas famílias, que lutam todos os dias para enfrentar a questão com determinação, criatividade e esperança.