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Discriminação contra mulher persiste nas leis e na prática

Discriminação contra mulher persiste nas leis e na prática

Afirmação é da alta-comissária da ONU para Direitos Humanos, Louise Arbour, para marcar o Dia Internacional da Mulher.

Jorge Soares, da Rádio ONU em Nova York.

A alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Louise Arbour, disse que a discriminação generalizada contra as mulheres persiste na lei e na prática, em todo o mundo.

Arbour fez essas declarações nesta sexta-feira, em Genebra, na Suíça, para marcar o Dia Internacional da Mulher que se celebra neste sábado.

Ela disse que a opinião pública e a mídia se concentram mais em casos chocantes como mutilação genital feminina e escravatura sexual, mas segundo Arbour é a discriminação de baixa intensidade que condena milhões de mulheres ao sofrimento.

Tráfico humano

Arbour lembrou que em África persistem práticas como tráfico de seres humanos, mutilação genital e violência em conflitos armados.

O repórter da Rádio ONU, Arão Dava, tem mais detalhes cobre a situação das mulheres em Moçambique.

“O Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher, Unifem, revela que apesar dos esforços do governo e da sociedade civil a situação da mulher em Moçambique continua difícil.

O mais recente estudo da ONU sobre a violência contra a mulher em Moçambique, indica que pelo menos uma em cada três mulheres sofreu algum tipo de violência durante sua vida.

Agressões

A directora nacional do Unifem no país, Adelia Branco, disse à Rádio ONU, que a situação pode ser pior uma vez que muitas mulheres não têm coragem de revelar as agressões que sofrem.

‘Talvez os índices sejam muito mais altos porque muitas mulheres se sentem intimidadas e não relatam o que acontece’, afirmou.

Com vista a reverter o cenário, a agência da ONU em Moçambique juntou-se em Novembro à campanha ‘Diga Não à Violência contra a Mulher’.

América Latina

Segundo as Nações Unidas, os países da América Latina apresentam legislações progressistas e inovadoras, que nem sempre se traduzem em avanços práticos para a igualdade do género.

A editora-executiva da revista Tecnologia e Negócios em Petróleo, Beatriz Cardoso, falou à Rádio ONU, do Rio de Janeiro, sobre dificuldades que jornalistas mulheres enfrentam para ir cobrir guerras.

"Eu sinto que existe um pouco de reticência para enviar uma mulher para a cobertura de guerra, enviar uma mulher para fazer reportagens no exterior. Eu acho que o maior desafio é esse, realmente equiparar a mulher e dar as mesmas condições económicas e financeiras que se dão aos homens que ocupam os mesmos cargos ", disse.

A ONU destaca ainda que em muitos países asiáticos as mulheres enfrentam restrições à sua capacidade de possuir ou gerir propriedades, incluindo o direito a herdar, na sequência de divórcio.