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Combate ao HIV/Sida

Combate ao HIV/Sida

Numa mensagem para marcar o Dia Mundial da Luta contra o HIV/Sida, neste 1º de Dezembro, Ban Ki-moon disse que a doença tem na sociedade um efeito semelhante ao que o HIV tem sobre o corpo humano.

Segundo a ONU, cerca de 33 milhões de pessoas têm o vírus do Sida em todo o mundo.

Mas de acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Sida, Onusida, os projectos de prevenção e tratamento têm ajudado a combater a doença.

O exemplo do Brasil

Por altura do lançamento do último relatório do Onusida sobre a doença, o vice-director para Iniciativas Globais da agência, Louis Loures, disse à Rádio ONU, que o Brasil é o maior exemplo do mundo na luta contra o HIV.

″O Brasil segue sendo o maior exemplo no mundo que é possível, sim, enfrentar a epidemia, desde que se tomem as medidas adequadas, desde que se tenha o compromisso político de investimento e mobilização da sociedade em relação à epidemia. Essa é a mensagem principal, não vamos aqui nos perder aí 'esse número está certo, esse número não está certo'. O que interessa é que é uma epidemia de grandes proporções, mas que nós começamos a ver que é sim possível enfrentá-la, desde que se tomem as medidas apropriadas″, disse.

Para comemorar o dia, o Grupo de Apoio e Prevenção ao Sida, Gapa, realiza um show em Ribeirão Preto, São Paulo, no Brasil para chamar a atenção para a prevenção.

A tesoureira do Gapa, Joana d’Arc Costa disse à Rádio ONU que o grupo também está trabalhando por mais troca de informações com as autoridades locais.

"As secretarias devem ser uma equipa multidisciplinar, secretaria da educação, da saúde e cidadania. E não se trabalha dessa forma. Se a gente não trabalhar a questão do Sida de maneira educativa, dificilmente a gente vai conseguir porque é uma questão cultural. O uso do preservativo, a consciência, o diálogo das relações é cultural. Então, a gente deve estar começando isso desde a pré-escola, trabalhando a sexualidade", afirmou.

Em Portugal

Em Portugal, este 1º de Dezembro será marcado com a comemoração sobre a queda dos índices de transmissão vertical, da mãe para o bebés.

A repórter da Rádio ONU em Lisboa, Adriana Niemeyer, tem mais detalhes.

"Além de aproveitar a data para várias campanhas de sensibilização com vários eventos junto à população em todas as regiões de Portugal, o Ministério da Saúde organizou com a Liga Portuguesa de Futebol a distribuição e utilização, pelos jogadores, de pins com o laço vermelho. O símbolo internacional do compromisso com a infecção do HIV.

O Dia Mundial da Luta contra a Sida será comemorado em Portugal também com o anúncio de boas notícias: a transmissão do vírus de mãe para filho é hoje inferior a 2% no país, quando há uma década era de 25%, o que é considerado pelos especialistas como um ‘grande sucesso’ na prevenção da infecção.

A regra prática é que todas as grávidas façam o teste. Em caso de infecção, a forma de evitar a transmissão do vírus passa pelo tratamento com

anti-retrovirais, o parto por cesariana e a amamentação artificial.

Mas em contrapartida 32 mil casos de Sida foram notificados até hoje em Portugal. Quase metade deles em pessoas que não apresentavam sintomas, segundo novos dados apresentados esta semana. Somente em 2007 foram registados mais de 1700 novos casos.

Segundo o relatório anual do Programa das Nações Unidas sobre a doença, esse número torna Portugal o quarto dos países da Europa Ocidental que mais diagnosticou casos novos de infecção em 2006.

A falta da prevenção e a escassez de campanhas públicas são as responsáveis, segundo os especialistas, pelo aumento dos casos. Os médicos consideram necessário melhorar a comunicação através de uma linguagem mais simples e de imagens mais atractivas para sensibilizar grande parte da população”.

Uma catástrofe em África

De acordo com o relatório da OMS e do Onusida, a África Subsaariana possui mais de 60% dos doentes de Sida, ou seja cerca de 26 milhões de pessoas infectadas.

Para o vice-director para Iniciativas Globais do Onusida, Louis Loures, a África está a viver uma catástrofe com a epidemia do Sida.

″Nós seguimos tendo países na África subsaariana com uma entre quatro pessoas infectadas pelo vírus da Sida, com uma verdadeira catástrofe do ponto de vista do impacto da epidemia em sectores económicos, sociais. Existem países onde as escolas estão sem professores, os hospitais sem médicos e enfermeiras porque estão morrendo com Sida″, explicou.

O caso moçambicano

O repórter da Rádio ONU, Arão Dava, de Maputo, tem mais informações sobre os efeitos da doença em Moçambique.

O repórter da Rádio ONU, Arão Dava, de Maputo, tem mais informações sobre os efeitos da doença em Moçambique.

"O representante do Programa das Nações Unidas para HIV-SIDA, Mauriciu Cysne afirma que o relatório sobre a seroprevalência a ser actualizado este ano, irá reflectir um aumento de casos em Moçambique.

'Os números de 2007 devem confirmar essa tendência de crescimento, um crescimento menos vertiginoso que no passado, o que nos leva a pensar que daqui a 2/3 anos a epidemia tende-se a se estabilizar no país', disse.

Maurício Cysne afirma que registo do vírus em mulheres grávidas é alarmante sobretudo nas regiões centro e sul do país, onde as taxas estão acima dos 20%, enquanto no norte os índices ficam nos 9%".

Em Angola

A técnica do departamento do HIV/Sida da OMS em Angola, Etelvina Correia, disse à Rádio ONU, de Luanda, que o Dia vai ser comemorado com o lançamento de uma campanha de aconselhamento e testes.

"Um dos principais eventos foi o lançamento da campanha de aconselhamento e testagem voluntária que o Instituto Nacional de Luta Contra a Sida organizou e teve a parceria das organizações não-governamentais, da rede de pessoas vivendo com HIV-Sida e também dos membros das Nações Unidas que trabalham em Angola", disse.

Reportagens e Destaques

Apresentação e realização: Jorge Soares

Reportagem: Mônica Valéria Grayley e Jorge Soares.

Produção: Helder Gomes e Eduardo Costa