Relator da ONU diz que crise em Mianmar pode abrir possibilidades
O relator de direitos humanos das Nações Unidas, Paulo Sérgio Pinheiro, disse à Rádio ONU que a atual crise em Mianmar, antiga Birmânia, pode abrir possibilidades para mudança. Pinheiro falou à Rádio ONU pouco antes de uma reunião do Conselho de Segurança sobre o tema.
Paulo Sérgio Pinheiro está à espera do visto para visitar Mianmar após receber o mandato do Conselho de Direitos Humanos da ONU, na semana passada.
Ele deve chefiar uma missão de investigação sobre a reação do governo a um protesto pacífico de monges budistas por democracia. A repressão da junta militar, que governa Mianmar, resultou em pelo menos 10 mortos e dezenas de feridos.
O enviado especial da ONU ao país, Ibrahim Gambari, elogiou a decisão do chefe da junta militar, general Than Shwe, de se reunir com a líder da oposição e Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi. Ela é mantida em prisão domiciliar pela junta.
E segundo analistas, o momento poderia levar talvez a mudanças, mas para o relator da ONU, Paulo Sérgio Pinheiro, ainda é muito cedo para se falar em democratização.
"Democratização é muito apressado porque não vai se partir deste regime autoritário de 45 anos para uma mudança de regime. Isso é totalmente fora de questão. A política é sempre inesperada, mas diante do que eu tenho acompanhado, acho isso muito problemático", explicou.
Nesta segunda-feira, os países-membros do Conselho de Segurança se reuiram a portas fechadas para discutir o esboço de uma declaração sobre o assunto.
Na semana passada, numa mensagem ao conselho, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o uso de força contra manifestantes pacíficos é inaceitável.