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ONU diz ao Timor-Leste que discorda de anistia para crimes contra humanidade

ONU diz ao Timor-Leste que discorda de anistia para crimes contra humanidade

As Nações Unidas decidiram se retirar de uma comissão formada por Indonésia e Timor-Leste para promover reconciliação entre os dois países após uma luta sangrenta pela independência da ex-colônia portuguesa. (Boletim: Mônica Valéria Grayley - 2:22")

O anúncio foi feito em Nova York pela porta-voz de Ban Ki-moon, Marie Okabe. Ela lembrou a política da ONU sobre este tema, ao dizer que a organização não pode endossar ou concordar com anistias para genocídio, crime contra a humanidade, crimes de guerra e sérias violações de direitos humanos.

Ainda de acordo com as diretrizes da ONU, a organização não deve fazer nada que sirva para promover estes crimes.

Okabe afirmou que a intenção do Secretário-Geral é defender estes princípios.

O embaixador do Timor-Leste, Nelson Santos, comentou a decisão da ONU.

"Naturalmente que nós respeitamos a posição das Nações Unidas e do Secretário-Geral. Entretanto, precisamos clarificar que a Comissão para Verdade não tem como objetivo conceder anistia. A Comissão tem como principal objetivo revelar as verdades da História do Timor-Leste durante a ocupação apra que não haja no futuro a mesma tragédia", afirmou.

Segundo o embaixador, será muito difícil obter relatos sinceros por parte dos agressores.

"Nós acreditamos que ninguém vai falar a verdade caso esteja consciente de que o que se vai falar, servirá um dia como provas para sua própria condenação. Para o Timor-Leste e para a Indonésia é importante que nós aprendemos com a tragédia", disse.

A Comissão de Verdade e Reconciliação foi estabelecida em 2005 por Indonésia e Timor, e convidou membros da missão da ONU no Timor para testemunhar em audiências sobre o assunto.

Mas segundo Okabe, enquanto os termos de referência da comissão não forem revistos para concordar com padrões internacionais, os funcionários da ONU, não poderão mais participar do processo.

Há relatos de que mais de 100 mil pessoas foram mortas durante os anos de ocupação indonésia e de luta pela independência.

Após a decisão do Timor de se tornar independente da Indonésia em 1999, o território foi afetado por confrontos sangrentos, nos quais morreram inclusive nove funcionários da missão da ONU no Timor.

Uma ex-colônia portuguesa, o Timor-Leste foi anexado pela Indonésia na década de 1970 e se tornou independente após um referendo da ONU em 2002.