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Barreiras Mentais

Barreiras Mentais

A Organização Mundial da Saúde, OMS, pediu a seus países-membros que invistam na criação de redes comunitárias para atendimento a doentes mentais. Acompanhe a entrevista da Rádio ONU com o especialista da OMS, José Bertolote, sobre o tema.

O especialista da OMS, José Bertolote, começou explicando que o diagnóstico da relação de causa entre pobreza e doença mental é totalmente equivocado.

“A relação de pobreza e doença mental se verifica muito mais em termos de prestação de serviço, ou de falta de prestação de serviço do que na determinação, na causalidade da doença. Não se acredita hoje muito firmemente que a pobreza cause a doença mental, mas certamente quando a doença mental surge numa situação de pobreza, a doença fica agravada. A recuperação de uma pessoa pobre com a doença metal é muito menos satisfatória do que uma pessoa que tem posses e que tem meios de buscar o tratamento. Então a pobreza influencia diretamente a falta de cuidados”, disse.

O especialista da OMS elogiou os programas de tratamento de doentes mentais do Brasil. Segundo ele, a tentativa de integração entre pacientes mentais e outros doentes é aplaudida também por psiquiatras na Europa.

“O Brasil é um dos países pioneiros no movimento de saúde mental. Aqui na OMS recebemos muitas consultas de países europeus que querem contatos no Brasil para conhecer de perto o modelo brasileiro. O Brasil conseguiu aprovar uma lei bastante progressista. Tem feito um enorme esforço de desinstitunalização de pacientes, ou seja remoção de pacientes de asilos, de hospitais fechados, carcerários onde o tratamento é de muito baixo nível, e criado uma série de centros de reabilitação, centos de readaptação social. Com resultados bastante promissores e é uma e é uma panorama muito avançado em termos da perspectiva mundial. É uma país que tem o movimento de saúde mental bastante avançado”, afirmou.

De acordo com a OMS, a vantagem de juntar pessoas com deficiências mentais e pacientes com outros tipos de doença num mesmo espaço físico consiste em evitar maus tratos, que segundo a agência, existem em muitos sanatórios. Mas uma das maiores barreiras à proposta parte, de acordo com o médico José Bertolote, do preconceito.

Segundo Bertolote, a proposta da OMS se baseia na falta de verbas, que poderiam levar à manutenção separada dos doentes.

O especialista da OMS diz que a necessidade já faz com que hospitais na África mantenham doentes mentais e outros pacientes juntos. E segundo ele, a integração é bem-sucedida.

Reportagens e destaques, produção da Rádio ONU em Nova York

Apresentação: Mônica Valéria Grayley

Produção: Sandra Guy, Eduardo Costa e Letícia Camargo

Direção Técnica: Willie Correa