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Vencendo barreiras

Vencendo barreiras

O Dia Internacional das Famílias, comemorado pela ONU em 15 de maio, homenageou este ano famílias e pessoas com deficiciência. A Rádio ONU conversou com uma família brasileira sobre o tema. Ricardo Tadeu e Suzana Fonseca se depararam com deficiências ainda bem jovens. Eles contaram à repórter Camilla Menezes como fazem para vencer barreiras diárias.

Em 2006, ambos estiveram em Nova York para a elaboração da Primeira Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência. Ricardo Tadeu ressaltou o direito de se constituir família como um dos pontos importantes firmados pelo tratado da ONU.

O promotor ainda destaca que o Brasil tem “uma das melhores legislações do mundo” para pessoas com deficiência. No entanto, segundo ele, ela poderia ser mais eficaz.

“Nós temos aqui no Brasil, por exemplo, um benefício que é pago para pessoa com deficiência pela assistência social, uma renda de um salário mínimo. E, na prática, as famílias acabam sendo um desestímulo para que a pessoa deixe de receber esse benefício e passe a trabalhar. Então, às vezes, a família ajuda, dependendo da formação cultural que a família tem, ela impulsiona a pessoa a se formar, a estudar e trabalhar. Às vezes não”, afirmou.

Suzana e Ricardo se orgulham da rotina ativa da família. Mas para isso, eles ressaltam que uma estrutura teve que ser montada para se adaptar às limitações de cada um. O casal destaca, no entanto, que essa adaptação gera custos muito altos.

Ricardo Tadeu admite que essa ainda não é uma realidade comum para a maioria das famílias brasileiras.

Para muitas mulheres, a gravidez traz momentos de apreensão quanto à saúde do bebê. Suzana Fonseca afirma, no entanto, que ao esperar a primeira filha, Maíra, ela jamais se preocupou com o assunto deficiência. Suzana acredita que a relação com a própria deficiência tenha afastado essa preocupação.

Completando o quarto ano da Faculdade de Direito, a filha mais velha do casal, Maíra, viu no pai um exemplo na hora de escolher a profissão. No entanto, ela relembra o desafio de aprender a conviver com a deficiência dentro de casa desde criança.

“Os pais todos iam jogar bola e meu pai não ia. E isso que assustava, a diferença. Por que meu pai não podia estar lá? Eu percebi que os pais têm diferenças, talvez não físicas, mas ao passo em que meu pai não podia jogar bola comigo, os pais das minhas amigas não coversavam com elas tanto quanto meu pai conversava comigo. Eu não podia sentar com as minhas amigas e falar: poxa, meu pai não enxerga e o seu também não. É uma coisa com a qual eu tive que lidar sozinha”, relatou.

Para Suzana Fonseca, o acesso a informação é um importante diferencial na relação das famílias com as pessoas com deficiência.

“Recebemos muita vibração positiva nesse sentido porque as pessoas dão esse retorno para nossa família. Eu não acho que seja fácil não, mas o amor familiar segura isso,” concluiu.

De acordo com as Nações Unidas, atualmente, cerca de 650 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, o que equivale a 10% da população mundial.

Apresentação: Mônica Valéria

Reportagem: Camilla Menezes

Produção: Sandra Guy e Duda Baguera

Direção Técnica: Peter Kurisco