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ONU pede acções concretas sobre conflito em Darfur

ONU pede acções concretas sobre conflito em Darfur

A presidente da Missão de Alto Nível do Conselho de Direitos Humanos sobre Darfur no Sudão, Jody Williams, afirmou que a população da região precisa urgentemente de acções concretas de protecção contra o que ela chamou de atrocidades.

O documento sugere co-responsabilidade do governo do Sudão em ataques contra civis, assassinatos, torturas, estupros e prisões arbitrárias, entre outros.

Mas o governo sudanês nega as acusações.

Os investigadores apoiaram o envio a Darfur de uma força de paz mista formada por tropas da União Africana e das Nações Unidas e pediram ainda o apoio do Tribunal Penal Internacional para, segundo o documento, evitar a impunidade.

Ao intervir nos debates, o ministro sudanês da Justiça, Mohamad Ali Almardi, desclassificou o relatório e acusou a missão de alto nível do Conselho dos Direitos Humanos de falta de “parcialidade” e “neutralidade”.

Ele negou alegações de que o governo do Sudão teria recusado visas de entrada aos representantes do Conselho dos Direitos Humanos.

“Nós dissemos que tínhamos reservas em relação a um dos membros da missão que fez comentários antes de a equipa começar suas averiguações. Dissemos que iríamos conceder visas aos outros quatro elementos, mas a presidente da missão acabou levando todo os membros para fora de Darfur. Isto é claramente parcial e deliberado”, adiantou.

Ainda na quinta-feira, o ministro Mohamad Ali Almardi disse aos jornalistas que seu governo só aceita em Darfur uma força de paz da União Africana. Ele sugere que a ONU assista as tropas africanas para que possam exercer a tarefa de proteger os civis na região.

Na quinta-feira, o Secretario-General da ONU, Ban Ki-moon, disse aos jornalistas que começa a desenvolver-se entre os membros das Nações Unidas, e particularmente do Conselho de Segurança, uma certa frustração com as reacções do governo do Sudão.

Referindo-se à criação de uma força de paz mista, Ban disse tratar-se de uma proposta feita em colaboração com o presidente da União Africana, e elaborada na linha dos Acordos de Addis-Abeba.

Ele revelou ainda que, no sábado, conversou, por telefone, com o presidente do Sudão Omar Hassan Al Bashir, que o convidou a visitar o país. Ban adiantou que ainda não tomou uma decisão sobre o convite.

O Secretário-Geral ressaltou que, desde 2003, a violência em Darfur já provocou milhões de deslocados e mais de 200 mil mortos.