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Desemprego em alta

Desemprego em alta

A Organização Internacional do Trabalho, OIT, lançou um relatório em outubro, chamando a atenção para o aumento do desemprego juvenil no mundo. Segundo o relatório apresentado em Genebra, o número de jovens entre 15 e 24 anos desempregados aumentou de 74 para 85 milhões nessa última década e mesmo aqueles jovens que trabalham vivem na pobreza.

“Os jovens deixam de procurar emprego formal quando não encontram, então entram em uma situação em muitos casos de desespero e acabam encontrando emprego na economia informal. Os trabalhos mais desprotegidos de segurança, de saúde, benefícios básicos de proteção social. Isso é problemático, não só para os jovens de baixa escolaridade mas também para os jovens de alta escolaridade. Em muitos casos, nós encontramos jovens que são diplomados, até com mestrado e mais ainda, mas que ficam trabalhando em ocupações de baixa remuneração e de baixa qualificação” disse Pereira.

A disponibilidade de um emprego decente também é preocupante. Segundo o relatório muitos jovens trabalham sob jornadas extensas, baixos salários, proteção social escassa ou inexistente e contratos temporários. O que reforça ainda mais a necessidade de além de se garantir um emprego, que ele seja digno.

No Brasil, existem políticas de apoio ao jovem em seu primeiro emprego como conta Pereira.

“No Brasil, se tem experiências de tudo. Tem bons casos em que as empresas espontaneamente criaram espaços maiores para vagas para jovens, e também tem casos de experiências movidas por programas do governo para promover melhor uma entrada de jovens nas empresas através de incentivos, subsídios, como foi o caso do primeiro emprego. O que nós observamos disso tudo, a OIT e eu que muitas vezes a intenção governamental de ajudar acaba complicando mais. Eu acho que informação, negociação, em nível local, tentativa de melhorar os programas que se buscam fazer é válido. Os empregadores que contratam jovens sem experiência, evidentemente têm um custo. Então é normal que os empregadores coloquem exigências quando o mercado tem tanta gente disponível e eles podem dar emprego tanto para uma pessoa jovem quanto para alguém mais velho” disse.

Entre as informações que constam no relatório estão dados como 1,1 bilhão de pessoas entre 15 e 24 anos que buscam empregos sem maiores perspectivas, que abandonaram essa busca ou estão trabalhando mas vivem com menos de US$2,00 diariamente.

A estimativa apresentada pela OIT, diz que para aproveitar o potencial dos jovens seria necessário um aumento de 400 milhões de empregos, tanto em número quanto em qualidade.

“Chamamos a atenção para a possibilidade de se investir mais em educação para se reter os jovens nos estudos e assim evitar que eles entrem tão cedo no mercado de trabalho, evidentemente que em países que têm índices de pobreza muito alto, os jovens entram no mercado de trabalho por uma necessidade enorme e também porque não há programas educacionais e investimentos públicos eficientes e isso complica. Nós acreditamos que a comunidade internacional teria que dar mais atenção aos jovens nesse quadro geral de emprego e subemprego” concluiu.

A maior taxa de desemprego juvenil foi registrada na região do Oriente Médio e África do Norte, com 25,7% e a América Latina e Caribe se encontram em quarto lugar com 16,6%.