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ONU pede providências após morte de 27 em travessia no Canal da Mancha BR

Somente este ano, mais de 500 pessoas morreram afogadas na parte central do Mediterrâneo fazendo a perigosa jornada para chegar à Europa
OIM/Hussein Ben Mosa
Somente este ano, mais de 500 pessoas morreram afogadas na parte central do Mediterrâneo fazendo a perigosa jornada para chegar à Europa

ONU pede providências após morte de 27 em travessia no Canal da Mancha

Migrantes e refugiados

Óbitos ocorreram numa tentativa de travessia do Canal entre França e Inglaterra; Organização Internacional para Migrações, OIM, informam que cerca de 200 pessoas morreram no trajeto desde 2014.
 

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e o Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef, expressaram preocupação após a morte de 27 migrantes no Canal da Mancha. 

As vítimas buscavam cruzar para o Reino Unido pela rota marítima. O episódio deixou um número recorde de mortes, de acordo com a Organização Internacional para Migrações, OIM.

Cerca de 50 mil vítimas de tráfico humano foram detectadas e denunciadas em 148 países em 2018
Acnur/Mohamed Alalem
Cerca de 50 mil vítimas de tráfico humano foram detectadas e denunciadas em 148 países em 2018

Apelo

As agências das Nações Unidas chamaram a tragédia de “evitável” e reforçaram que os governos devem priorizar a vida humana. 

O Unicef ainda destacou o número de crianças e grávidas no episódio e que esse foi um “lembrete gritante” da necessidade de ações coletivas para evitar que os eventos se repitam.

Segundo a diretora regional do Unicef para Europa e Ásia Central, Afshan Khan, mais de 740 pessoas morreram cruzando fronteiras no continente desde 2014. Dessas, cerca de 200 tentavam atravessar o Canal da Mancha. 

Ela afirmou que o número sobe para mais de 23 mil somando as vítimas registradas no Mediterrâneo nos últimos 7 anos, incluindo inúmeras crianças.

Foram três acidentes no Mar Egeu na semana passada.
SOS Méditerranée/Anthony Jean
Foram três acidentes no Mar Egeu na semana passada.

Rota

O Acnur reforçou que as vítimas vêm de áreas de conflito e enfrentam muitos desafios e perigos ao longo de suas jornadas. 

Muitos fazem a travessia em condições precárias para fugirem de conflitos, pobreza ou perseguição que vivem em países como Afeganistão, Sudão, Iraque e Eritreia.

Por isso, as entidades pedem ações coordenadas para os dois governos, França e Reino Unido, para evitar mortes futuras e prevenir redes de contrabando. 

O Acnur também acredita que as rotas devem ser seguras e os migrantes devem ter acesso a proteção internacional de maneira justa, eficiente e condizente com os direitos humanos.

Mais de 740 pessoas morreram cruzando fronteiras europeias desde 2014
SOS Méditerranée/Anthony Jean
Mais de 740 pessoas morreram cruzando fronteiras europeias desde 2014

Tragédia

Além do número de mortes desta semana, a OIM contabilizou mais de 100 resgates na região do Canal da Mancha somente na última quarta-feira. Desde 2014, 166 migrantes foram registrados como mortos ou desaparecidos.

Desde janeiro deste ano, as autoridades francesas já registravam mais de 31 mil pessoas tentando cruzar a fronteira marítima entre França e o Reino Unido. Mais de 7,8 mil foram resgatadas no mar e 14 morreram no trajeto.

A OIM pediu medidas urgentes em junho deste ano após forte aumento no número de mortes nos primeiros seis meses de 2021. Pelo menos mil pessoas morreram tentando chegar à Europa de barco.

Além das mortes no Canal da Mancha e no Mediterrâneo, outras centenas foram registradas no Oceano Atlântico, na costa da África Ocidental, em uma rota de migração para as Ilhas Canárias.