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Cabo Verde: ONU e governo querem tirar 78 mil da pobreza extrema

Chefe do Sistema ONU em Cabo Verde, Ana Patrícia Graça sublinha momento que contribuirá para salvar vidas
ONU Cabo Verde.
Chefe do Sistema ONU em Cabo Verde, Ana Patrícia Graça sublinha momento que contribuirá para salvar vidas

Cabo Verde: ONU e governo querem tirar 78 mil da pobreza extrema

Assuntos da ONU

Em entrevista à ONU News, a coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Ana Graça, revelou prioridades e projetos da organização no país para os próximos cinco anos. Alinhado com o governo do arquipélago, o principal objetivo é retirar 78 mil pessoas da pobreza extrema. O número representa mais de 13% da população vivendo com menos de US$ 1 por dia. 

ON: Quais são as prioridades e expectativas para os próximos 5 anos? O que mudou ou foi adicionado dos anos anteriores?

AG: As Nações Unidas em Cabo Verde lançaram seu processo de elaboração do novo quadro de cooperação para o quinquênio 23-27. Teve lugar em um retiro anual na capital, na Praia, que contou com a participação não apenas de diretores e representantes de várias agências, residentes e não-residentes, mas também de entidades da ONU que não fazem parte do quadro de cooperação, mas que manifestaram interesse em se juntar e em assinar o próximo quadro de cooperação. Além disso, contou também com a participação muito ativa do governo de Cabo Verde o que nos trouxe mais uma garantia para o melhor alinhamento das prioridades nacionais que é precisamente também o objetivo do novo quadro de cooperação. 

Coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Ana Graça
ONU Cabo Verde.
Coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Ana Graça

Em termos das grandes prioridades, todos concordados que é preciso dar um salto qualitativo para programas estruturais que estejam alinhados as grandes prioridades de retoma e recuperação da crise econômica, sanitária, social, fiscal que o país atravessa enquanto pequeno estado insular

As entidades, as agências, os fundos, os programas, o governo de Cabo Verde nesse retiro concordaram que é importante que as Nações Unidas ajudem o próximo quadro de cooperação o país a fazer uma transição muito mais justa, inclusiva, resiliente aos choques externos. Um desenvolvimento sustentável e sustentado, ancorado na economia verde e azul e nos eixos de inclusão. 

O objetivo principal de contribuir para erradicar a pobreza extrema em Cabo Verde, que é o objetivo do governo de Cabo Verde até 2027. Neste sentido, concordamos em ter uma atuação muito mais integrada e mais estratégica. Assente em três principais eixos que se prendem com o desenvolvimento do capital humano e social, com o crescimento econômico inclusivo ancorado na sustentabilidade do planeta e uma forte intervenção na área da modernização e da administração pública para que o estado consiga e possa continuar a fornecer serviços transparentes e inclusivos numa grande tônica na territorialização e na descentralização para assegurar a convergência e a redução das desigualdades das 10 ilhas que compõe o arquipélago de Cabo Verde.

Prioridades e projetos da ONU em Cabo Verde

ON: Entrando em mais um ano de pandemia, como a ONU deve atuar para dar suporte no combate à doença?

AG: Entramos em 2022 ainda caracterizado pelo contexto de pandemia séria, tanto em termos sanitários como em termos de impacto econômico e social. Cabo Verde é o segundo país em África com a melhor taxa de vacinação, tendo já nesse momento atingido cerca de 70% da sua população elegível com as duas doses e já está a vacinar a população com a terceira dose. Este é um mérito e um esforço de trabalho conjunto liderado pelo governo de Cabo Verde com as Nações Unidas, a OMS, Unicef, Banco Mundial e todos os parceiros que se associaram a esta resposta através da Covax, incluindo as doações bilaterais que foram dadas à Covax para Cabo Verde. Neste momento, as Nações Unidas irão continuar a apoiar o governo nesta resposta à pandemia, continuando a prestar vigilância e atenção ao processo de vacinação, às medidas sanitárias necessárias para fazer face ainda a esta variante que atinge o continente, o país e o resto do mundo, mas com uma atenção muito especial ao impacto social e econômico que teve efetivamente efeito bastante devastador no país devido sua natureza de estado insular. Neste sentido, continuamos a trabalhar com o governo para poder acompanhar o crescimento econômico, para poder apoiar o rendimento das famílias, o trabalho digno, eficiente, protegendo as populações mais vulneráveis e, em 2022, vamos continuar com uma grande tônica na questão de apoiar efetivamente todo o setor da inclusão social de uma forma integrada, ao mesmo tempo que procuramos atrair mais parcerias, mais investimentos e financiamentos para o plano de desenvolvimento sustentável.