Primeiro-ministro de Moçambique fala sobre paz, juventude e a economia do país – Parte 2

Na segunda parte da entrevista à ONU News, o primeiro-ministro de Moçambique, Carlos Agostinho do Rosário, destaca os avanços para estabilizar a paz em Moçambique, os investimentos na economia e como podem beneficiar a juventude do país.
Prevemos que, a médio e longo prazo, Moçambique tenha um crescimento do PIB duas ou três vezes mais do que temos nesse momento.
Eu penso que sim, penso que esta é uma ótima oportunidade, mas também são grandes desafios. São grandes desafios. Um investimento desta natureza, como anunciados hoje, cria sempre expetativas. E nós temos de ser capazes de gerir as expetativas, para que, e darmos o certo tom de que o momento do anúncio dos grandes bilhões de dólares de investimentos não significa que o país já os tenha. Há todo um processo de trabalho que deve ser feito. Essa questão da gestão das expetativas é determinante para que esses anúncios não virem problemas para o país. Portanto, a longo prazo, certamente que vão ser muito bons, vão ser uma boa coisa, vão gerar muito mais emprego, muito mais postos de emprego, mais renda, obviamente que muitos setores vão ser dinamizados. A própria agricultura, neste momento, que tem investimentos menores, abaixo dos 10% necessários para dar a agricultura, certamente com esses investimentos a andar a agricultura vai beneficiar e todos outros setores que determinamos como essenciais, como a energia, infraestruturas, vão ter a sua quota parte de ser apoiados por esses investimentos. Prevemos que, a médio e longo prazo, Moçambique tenha um crescimento do PIB duas ou três vezes mais do que temos nesse momento. Isso é uma grande responsabilidade para nós. Pensamos que, se Moçambique está no bom caminho nos próximos 10 anos, Moçambique muda completamente de figurino. Temos as maiores reservas internacionais de gás e, repito, temos de moderar as expetativas. Moderar as expetativas, gerir as expetativas, e trabalharmos. Trabalharmos e trabalharmos de forma que o gás e o petróleo... o país não fique refém de recursos energéticos. Hoje temos de diversificar a economia para que o país cresça de uma maneira mais diversificada e que todos os setores que nos elegemos como importantes, como a agricultura, a energia, a infraestrutura, turismo, cresçam de maneira muito mais paralela com o setor energético. Não podemos deixar que o nosso país fique refém dos recursos naturais.
Não devem esperar, devem preparar-se já para aproveitar as oportunidades. E a preparação é, basicamente, duas ou três coisas. Uma é a formação. Formação superior, obviamente, mas também formação técnico-profissional. O saber fazer. Muitos dos empregos que virão aí, de imediato, vão começar já este ano. Após que a decisão de investimento foi feita, começa a fase de construção. E aí tem muito, muito emprego do saber fazer. Então nós temos que preparar os nossos jovens para que, em pouco tempo, possam ser preparados em termos de formação técnico-profissionais para que possam, digamos, fazer aproveitamento dessas oportunidades que vêm aí. Ninguém pode esperar pelo próprio emprego.
Nossos jovens têm de ter paciência e saberem aproveitar os espaços todos que aparecem em termos de oportunidades de se formarem para se poderem adequar aos novos desafios.
Temos de fazer passar e contamos também com o apoio dos nossos parceiros da comunicação social. Nós temos de nos preparar para tirar aproveitamento das oportunidades que vêm aí. E a única preparação para os jovens é formar-se. No mundo globalizado, perde quem não tem formação, ganha os que tem. E os nossos jovens têm de ter paciência e saberem aproveitar os espaços todos que aparecem em termos de oportunidades de se formarem para se poderem adequar aos novos desafios. E é essa a mensagem que estamos a passar para os nossos jovens.
Primeiro, dizermos que esta não é a forma de estar. Matar outro pobre porque eu estou pobre não faz sentido. Tirar a cabeça de outro pobre porque eu sou pobre não faz nenhum sentido. Portanto, são grupos que surgiram que atuam de forma condenável, de todo o jeito, e reiteramos aqui a condenação dessas práticas e estamos a trabalhar, numa vertente muito mais holística, não só militar mas também como vê, com projetos, a formação dos jovens. Estamos também a trabalhar no sentido da coordenação com a religião. Estamos a trabalhar também no sentido das próprias comunidades, de criar uma consciência de que esta prática não é boa. E, felizmente, ninguém em Moçambique gosta e apoia este tipo de coisas. Vamos continuar. Felizmente, há três semanas que não sentimos ameaças deles. Isso é sinal de que as nossas forças armadas, as forças de segurança estão a atuar e com toda esta capacidade holística, como estou a dizer, e é bom, também, felizmente, eles estão confinados em áreas muito específicas em Cabo Delgado. Portanto, não conseguem expandir-se para outras partes de Cabo Delgado e do país. Isto é sinal de que as nossas forças armadas, as nossas forças de segurança, estão a fazer o que devem fazer. Mas o trabalho não é das forças de segurança sozinhas. É de todos nós. Líderes religiosos, líderes comunitários, vocês da imprensa, para que, digamos, este não é o caminho, não é o caminho. Não se pode justificar que se tire a vida aos outros porque eu sou pobre. Se é esse o argumento.
Falamos de tudo quanto seja útil para o nosso país. A paz, a economia, e a paz está aí, os progressos que foram dados. Nos últimos três anos o nosso presidente tem estado a trabalhar arduamente nesse dossier, em várias frentes. A primeira das quais é esse processo da mudança da Constituição, para que ninguém possa reclamar espaço. O poder está descentralizado, mais perto da população. Ao nível autárquico, ao nível provincial, e está aí, é um caminho que foi dado. O diálogo está aí também, com todas as forças sociais, de politicas sociais, está aí, o nosso presidente está a fazer isso, e também estamos nesse processo da desmobilização, desarmamento e integração das pessoas. Neste momento decorrem, as pessoas estão a preencher as suas fichas, com o apoio da comunidade internacional. Aqueles que forem aptos para irem para as forças armadas, irão.
Sim, estão lá toda a comunidade internacional a trabalhar conosco nesse sentido e todo o programa está a ser feito. Não obstante as crises, guerra não tem, nós queremos que não perca esse foco, porque ninguém quer guerra em Moçambique e nós temos de trabalhar para que a paz se faça e este programa de desarmamento, desmobilização e reintegração se faça. Portanto, os que forem aptos para ir para as forças armadas, irão, aqueles que vão ser reintegrados também sê-lo-ão. E este é um trabalho que provavelmente em julho, por aí, segundo o cronograma tem de ser concluído, e nós vamos prosseguir com esse programa. Portanto, a paz é uma prioridade que o presidente Nyusi sempre teve e vai continuar a colocar. Com a paz, com a economia estabilizada e com estas aberturas que nós sentimos de investimentos que podem nos ajudar bastante, pensamos que Moçambique tem um grande futuro e Moçambique tem uma palavra a dizer no mundo nos próximos anos.
Agora é fase de reconstruirmos, é fase de continuarmos o processo de paz em Moçambique, é fase de continuarmos com a consolidação da estabilidade macroeconômica.
Estamos prontos para trabalhar, juntemos as mãos para trabalharmos. Os ciclones estão aí, mas muito obrigado pelo apoio que nos deram para podermos ajudar os nossos irmãos, resgatar e salvá-los. Agora é fase de reconstruirmos, é fase de continuarmos o processo de paz em Moçambique, é fase de continuarmos com a consolidação da estabilidade macroeconômica. As condições estão aí, nós, de mãos dadas, com todos os parceiros internacionais e toda a população, o futuro é bom e vamos continuar a trabalhar. E muito obrigado por isso.