Entrevista com Mauro Vieira sobre a Guiné-Bissau
Em entrevista exclusiva para a ONU News, o embaixador do Brasil junto às Nações Unidas aborda o apoio à estabilização do país na Comissão para a Consolidação da Paz, PBC. O representante brasileiro é o presidente da Configuração da Guiné-Bissau.
Qual é o apoio que a Comissão para Consolidação da Paz está dando para as eleições legislativas de 10 de março na Guiné-Bissau?
Acabamos de assistir agora a reunião do Conselho de Segurança para examinar a situação na Guiné-Bissau. Eu, na qualidade de presidente da Configuração da Guiné-Bissau, tenho muita honra de estar presente, trazer minha palavra e o meu testemunho. Eu saio muito estimulado, muito contente porque acho que houve praticamente um consenso de todos os países membros do Conselho de Segurança em continuar apoiando a Guiné-Bissau nesse momento de preparação das eleições. E de realização das eleições na nova data anunciada pelo presidente José Mario Vaz. Todos, na minha forma de ver, entenderam as dificuldades com que nos deparamos para a conclusão do recenseamento eleitoral e, portanto, com a impossibilidade de se cumprir as datas que foram anteriormente haviam sido propostas. Mas estamos todos muito otimistas com a nova data de março próximo, 10 de março. E toda a comunidade internacional continua apoiando a Guiné-Bissau, com a expectativa da realização dessas eleições que nesse momento permitirão um final dessa transição política para um pedido de paz e estabilidade.

E como está a solidariedade internacional nesse processo eleitoral?
A comunidade internacional tem estado sempre presente e muito solidária. Timor-Leste apoiou com envio de kits para o licenciamento, da mesma forma que a Nigéria. Portugal também contribuiu com recursos para realização efetiva das eleições. E o fundo especial que existe para as eleições teve um montante de recursos importantes. E eu registrei também um elogio ao governo da Guiné-Bissau que foi o primeiro a fazer uma contribuição para esse fundo. Não tem problema de recurso, segundo estou informado, para a realização das eleições. Acho que até aí está tudo bem, todos os recursos necessários foram encontrados e colocados à disposição. O que precisamos ver para o futuro são outras formas de apoio ao governo, para cobrir as necessidades econômicas advindas de uma má colheita agrícola esse ano. E na queda do crescimento do Produto Interno Bruto e na queda das receitas de exportação e na queda também da arrecadação fiscal. Isso sim a comunidade internacional precisa continuar atenta e presente contribuindo da melhor forma possível. Na última reunião da PBC sobre a Guiné-Bissau, ouvimos a participação dos representantes do Banco Mundial, tanto em Washington quanto em Bissau, por teleconferência. E ambas as intervenções foram positivas no sentido também de continuar esse apoio.
A comunidade internacional tem estado sempre presente e muito solidária. Timor-Leste apoiou com envio de kits para o licenciamento, da mesma forma que a Nigéria. Portugal também contribuiu com recursos para realização efetiva das eleições.
E como essa nova data para as eleições foi recebida pela comunidade internacional?
Há outros países e outras organizações que contribuem. É importante também destacar a contribuição importante da Ecowas (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), e também da União Europeia, da União Africana. São muitos os organismos que contribuem e espero que continuem apoiando a Guiné-Bissau. Evidentemente que estão todos atentos para a necessidade do encerramento desse ciclo político, que se dará com a realização das eleições. Neste momento, teremos um novo poder legislativo, que estará consolidado e instalado em suas funções, com o apoio nacional, com o apoio da população. E tenho certeza que então se terá condições para se seguir uma vida política estável, tranquila, construindo o futuro do país.