Violência desloca mais de 8 mil numa semana na RD Congo
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
Mais de 8,2 mil pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas com o aumento das operações militares contra grupos armados Mai-Mai na província do Kivu-Sul na República Democrática do Congo, RD Congo.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, disse estar alarmada com a situação da violência no leste congolês, que leva várias pessoas a fugir para os vizinhos Burundi, Tanzânia e Uganda.
Condições difíceis
De acordo com a agência, mais de 7 mil pessoas atravessaram para o Burundi e outras 1,2 mil para a Tanzânia em sete dias. Os deslocados que ficaram no Kivu-Sul vivem em condições difíceis “sem abrigo ou comida”.
Outros desalojados contaram que fugiram por temer o recrutamento forçado, a violência direta e outros abusos cometidos por grupos armados. Vários outros dizem ter abandonado as suas casas pelas operações militares e pelo medo.
O Acnur quer que estes tenham passagem segura e que seja facilitado o apoio humanitário aos que deixam as suas áreas de origem.
Lago Tanganhica
A travessia do Lago Tanganhica para o Burundi é feita em pequenos barcos de pesca. As condições são difíceis à chegada nas áreas de Nyanza Lac e Rumonge. Faltam abrigos, instalações sanitárias, água potável e comida.
A agência também apoia mais de 43 mil refugiados burundeses que vivem em território congolês e alerta que estes podem vir a ser afetados por possíveis cortes da ajuda humanitária.
Cuidados
O Lago Tanganhica também é a principal via para chegar à cidade tanzaniana de Kigoma e arredores. O Acnur registou refugiados exaustos que recebem auxílio que inclui alimentos, água, cuidados médicos e abrigos.
O número de congoleses que chegam ao Uganda também cresce devido à violência intercomunitária na província de Ituri, a ações de grupos armados e a ofensivas militares. Desde dezembro, mais de 15 mil pessoas entraram no território ugandês.
Cerca de 5 milhões de congoleses foram deslocados desde o início de 2018. O Acnur registou cerca de 674 mil refugiados nos países da região e 4,3 milhões de deslocados internos, numa situação que coloca a RD Congo entre as maiores crises de deslocamento do mundo.
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