General brasileiro presidiu relatório sobre ataques a boinas-azuis da ONU
Monica Grayley, da ONU News em Nova Iorque.
A bandeira azul da ONU não é mais garantia de proteção para força de paz em suas missões pelo mundo.
A constatação é do general brasileiro, Carlos Alberto dos Santos Cruz, que concluiu um relatório, encomendado pelas Nações Unidas, sobre as causas de ferimentos e mortes violentas de soldados de paz em operações da organização. Ele presidiu a investigação que contou com mais dois autores.
Tecnologia
Segundo Santos Cruz, a ONU tem de mudar a forma como lida com operações de alto risco e reforçar o treinamento dos boinas-azuis, além de ter acesso a mais tecnologia e a mais liberdade para responder a ameaças de grupos armados.
O general brasileiro viajou a várias missões de paz incluindo à República Centro-Africana, que abriga a Minusca, ao Mali com a Minusma e à República Democrática do Congo, que abriga a Monusco.
Ao retornar da viagem, no mês passado, ele falou à ONU News, sobre algumas causas da violência às forças de paz, nessa entrevista que é divulgada somente agora.
“O primeiro deles é a mudança no comportamento dos grupos rebeldes e a dificuldade da ONU de se adaptar a essa mudança. Então, existe uma dificuldade de adaptação da ONU e dos países contribuintes para esta nova realidade operacional no terreno. Tem modificações que precisam ser feitas na área de treinamento do pessoal como nas áreas de selva. Como no caso do Mali, por exemplo, onde hoje a grande maioria das mortes é por utilização de minas anticarro.”
Serviço
Para o militar brasileiro, que também comandou as missões de paz da ONU no Haiti e na República Democrática do Congo, é preciso utilizar a força para combater o risco de violência às forças de paz.
160 entrevistas
De acordo com o Departamento de Operações de Paz, desde 1948, mais de 3,5 mil boinas-azuis perderam a vida em serviço. Desde total, 943 foram mortes por violência. E desde 2013, o número de óbitos subiu para 195 em ataques violentos.
O secretário-geral da ONU pediu ao general Santos Cruz que examinasse a situação e fizesse recomendações em seu relatório.
Além do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, participaram do relatório o coronel William R. Phillips e o assistente especial do diretor da Divisão África II, Salvator Cuisimano. ]
A equipe visitou as missões na RD Congo, na República Centro-Africana, no Mali e no Sudão do Sul conduzindo 160 entrevistas.
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