Sobe número de mortes de adolescentes por doenças ligadas ao HIV em África
Quatro em cada cinco crianças abaixo de 14 anos, que vivem com o HIV, no centro e oeste do continente, não receberam terapia antirretroviral em 2016; ONU elogia Cabo Verde e Guiné-Bissau pela resposta à doença.
Manuel Matola, ONU News, em Nova Iorque.
Guiné-Bissau e Cabo Verde são considerados “exemplares” na eliminação de novas infeções por HIV entre os países do centro e oeste de África.
Um relatório do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, e do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Sida, Onusida, revela que as mortes em adolescentes de 15 a 19 anos subiram 35% na região.
Diminuição
Estes dados são a partir de 2010. O estudo analisa a situação de 24 países que compõem o centro e oeste do continente africano, onde 25% das crianças menores de 14 anos e 16% de adultos têm HIV.
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Segundo o documento “Acelerar o ritmo: Rumo a uma geração livre da Sida na África Ocidental e Central”, nos últimos cinco anos, a Guiné-Bissau foi o país da região que observou a maior diminuição de casos de HIV em crianças.
De acordo com o relatório, o esforço de Cabo Verde faz do país um exemplo a seguir na implementação de programas de prevenção do vírus que causa a Sida, especialmente em adolescentes.
Investimento
O Unicef e o Onusida estimam que, em 2016, foram investidos apenas U$ 2,1 mil milhões em programas de combate à Sida na região Ocidental e Central de África, contra U$ 9,6 mil milhões na África Oriental e Austral.
Até o ano passado, as 24 nações africanas avançaram menos do que a maioria das outras regiões do continente quanto à prevenção, ao tratamento e programas relevantes para crianças e adolescentes com HIV.
O número de novas infeções infantis no centro e oeste da África diminuiu 32% em comparação com 56% registados na África Oriental e Austral.
Medicamentos
De acordo com as agências da ONU, a África Ocidental e Central são atualmente as regiões do mundo com a menor cobertura de tratamento antirretroviral em menores de 14 anos. Estima-se que quatro em cada cinco crianças desta faixa etária que vivem com o HIV não receberam terapia antirretroviral em 2016.
No ano passado, apenas 21% dos 540 mil menores de 14 anos infetados com o vírus na África Ocidental e Central tiveram acesso aos medicamentos antirretrovirais, contra os 43% de crianças da mesma idade em igual condição que vivem noutras regiões do mundo.
Por ocasião do lançamento do estudo, a diretora regional do Unicef, Marie-Pierre Poirier, descreveu a situação como trágica, assinalando que um elevado número de crianças e adolescentes não teve acesso ao tratamento antirretroviral e nem foi testado.
Diagnóstico precoce
A responsável apelou para a melhoria do início do diagnóstico e tratamento precoce do HIV em menores.
Já o vice-diretor executivo do Onusida, Luiz Loures, pediu a adoção urgente do plano que os governos africanos assumiram durante a 29ª Cimeira da União Africana, que terminou em julho, visando triplicar o número de pessoas com acesso ao tratamento até 2018.
Segundo Loures, “os países devem, urgentemente, pôr em prática estratégias mais eficazes para o diagnóstico precoce do HIV, e começar a reduzir a falta de acesso das crianças ao tratamento”.