Em reunião na EU, diretor da Unesco apela: “parem de usar o termo fake news”
Para Guy Berger, o abandono da expressão é a melhor maneira de evitar que notícias falsas se espalhem; ele discursou numa conferência da Comissão Europeia, encerrada em 14 de novembro, em Bruxelas, na Bélgica.
Monica Grayley, da ONU News em Nova Iorque.
Uma reunião da Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia, EU, debateu em Bruxelas, na Bélgica, formas de acabar com a desinformação na internet.
A Confertência sobre “Fake News”, ou notícias falsas, foi encerrada no último dia 14, e contou com a presença de um diretor da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.
Empresas
Em sua apresentação, Guy Berger, diretor para Liberdade de Expressão e Desenvolvimento de Mídia afirmou que a melhor forma de combater as notícias falsas é deixar de usar o termo “fake news”.
Berger contou que aconselhou a agência da ONU a abandonar o título, e apelou às empresas de notícias que melhorem seus padrões para fornecer alternativas críveis à desinformação.
O diretor explicou ser esta a razão de a Unesco cooperar com a União Europeia no apoio a conselhos de imprensa para a transição digital.
O risco de usar a expressão “fake news”, segundo Berger, é o de minar toda a notícia. Ele lembrou que o diretor-geral assistente para Comunicação e Informação da Unesco, Frank la Rue, que considera o termo uma contradição.
Narrativas
Berger repetiu a explicação de la Rue: se é falsa não é notícia. Se é notícia, não pode ser falso.
Para a Unesco, combinar os dois termos é um desserviço e só ajuda ao cinismo e ao relativismo.
Para o diretor da agência, usuários especialmente jovens estão formando suas identidades e precisam das habilidades para compreender como todas as narrativas: notícia, entretenimento e propaganda constroem essas identidades.
Berger falou ainda da Literacia de Mídia e Informação (MIL, em inglês) e como ela pode ajudar a instruir os usuários sobre como tem sido chamados os aplicativos de “arquiteturas de persuasão e vícios”.
O Mil ainda pode ajudar a preparar os usuários para criações digitais futuras que escondem a manipulação em vídeos e arquivos de voz, e para o abuso da inteligência artificial.