OIT: Como o trabalho decente pode transformar a produção de algodão
A Cooperação Sul-Sul usa boas práticas no Brasil para promover o trabalho digno na produção de algodão; essa iniciativa será implementada em alguns países africanos e latino-americanos em 2018.
Denise Costa da ONU News, em Nova Iorque.
O algodão é uma das colheitas mais cultivadas do mundo, gerando rendimento para cerca de 250 milhões de pessoas.
A Organização Internacional do Trabalho, OIT, afirma que para muitos pequenos agricultores o plantio envolve um trabalho árduo, que dificilmente gera dinheiro suficiente para sobreviver. Em alguns países, o trabalho infantil e o trabalho forçado continuam a fazer parte da indústria.
Brasil
A estagnação dos preços do algodão nos últimos anos tem feito com que os custos de produção diminuam, o que, por sua vez, pode causar uma piora das condições de trabalho e um aumento das violações dos direitos dos trabalhadores.
A iniciativa, O Projeto Algodão com Trabalho Decente da Cooperação Sul-Sul, visa abordar estas questões com base na experiência da OIT e do Brasil, que tem feito grandes avanços no setor nos últimos anos.
Países
Fernanda Barreto, coordenadora do programa da OIT, contou que o trabalho infantil na produção de algodão foi praticamente erradicado no Brasil, devido às inspeções trabalhistas e desenvolvimento de processos de certificação do algodão.
O projeto é executado pela OIT, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação e o Instituto Brasileiro do Algodão. Ele abrange três países produtores em África - Mali, Moçambique e Tanzânia - e dois na América Latina - Paraguai e Peru.
Objetivo
A iniciativa visa combater a pobreza e a discriminação, erradicar o trabalho infantil e o trabalho forçado e promover a inclusão, o diálogo social, o emprego juvenil e a igualdade de género.
A indústria do algodão é fundamental para várias comunidades da África, da Ásia e da América Latina. Segundo Barreto, "ao gerar renda como produto de exportação, por exemplo, o algodão contribui para o acesso de pequenos agricultores e suas famílias a alimentos, habitação e muitos outros bens e serviços".
Moçambique
Equipas do projeto visitaram os países participantes para definir as atividades com o governo, representantes dos trabalhadores e empregadores. A OIT espera que o plano de trabalho comece a ser implementado no início de 2018.
Em Moçambique, algumas das principais questões identificadas pela OIT são a ausência de formação profissional, trabalho infantil, falta de acesso à proteção social e o não cumprimento das normas de segurança e saúde no trabalho.
Com 90% da produção de algodão feita por agricultores familiares, o país africano tem mais de 1,5 milhão de pessoas dependentes do produto para sua subsistência.