Passar para o conteúdo principal

Especialistas da ONU dizem que Brasil tem que agir contra escravidão moderna

Especialistas da ONU dizem que Brasil tem que agir contra escravidão moderna

Baixar

Alerta foi lançado num comunicado conjunto, nesta quarta-feira, em Genebra; segundo grupo, governo precisa tomar ações urgentes para conter medidas que poderiam reduzir a proteção de trabalhadores e enfraquecer as regulações corporativas.

Monica Grayley, da ONU News em Nova Iorque.*

Um grupo de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas pediu ao Governo do Brasil que tome medidas urgentes para combater a escravidão moderna.

O comunicado, divulgado em Genebra, é assinado pela relatora especial sobre formas contemporâneas de escravidão, Urmila Bhoola, e integrantes do Grupo de Trabalho sobre direitos humanos e corporações internacionais e outros empreendimentos de negócios.

Vítimas

Segundo os especialistas, o Brasil tem desempenhando um papel de liderança na luta contra a escravidão moderna, e por isso mesmo é desapontador ver medidas que poderiam levar o país a perder terreno nesta área.

A recomendação do grupo é que o país contenha medidas que podem reduzir a proteção contra a escravidão moderna levando ao enfraquecimento das regulações de corporações.

Urmila Bhoola contou que a ordem ministerial 1129 estreitou a definição de escravidão contemporânea e poderia reduzir o número de vítimas descobertas em situação de trabalho escravo.

Para Bhoola, o país tem que tomar uma medida imediata para não retroceder nos ganhos da última década.

Condições

Já Surya Deva, president do Grupo de Trabalho da ONU, que firmou o comunicado, lembrou um relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos, no ano passado, sobre uma visita de campo ao Brasil.

Segundo Deva, a chamada “lista suja” publicava informações sobre trabalhadores encontrados em condições análogas a da escravidão responsabilizando os empregadores.

Os especialistas também citaram outros pontos como cortes no orçamento da fiscalização do trabalho. Para eles, essas reduções irão dificultar que as vítimas sejam encontradas. A identificação das vítimas é fundamental na erradicação da escravidão contemporânea.

Os especialistas em direitos humanos elogiaram a notícia de que o Supremo Tribunal Federal ordenou a suspensão temporária da ordem ministerial. E aproveitou a decisão para pedir ao governo que reverta a ordem de forma permanente.

*Participaram do comunicado Urmila Bhoola, relatora especial sobre formas contemporâneas de escravidão, e o Grupo de Trabalho sobre direitos humanos e corporações transnacionais e outros empreendimentos de negócios. Michael Addo e Surya Deva (presidente), Dante Pesce, Anita Ramasastry (vice-presidentes) e Pavel Sulyandziga.

Os relatores têm mandatos conferidos pelo Conselho de Direitos Humanos e são independentes de qualquer governo ou organização, não recebendo salário pelo seu trabalho.

Photo Credit
Conselho de Direitos Humanos da ONU. Foto: ONU/Jean-Marc Ferré