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Corpos de 26 mulheres prováveis vítimas de tráfico chegam à Itália

Corpos de 26 mulheres prováveis vítimas de tráfico chegam à Itália

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Autoridades de Salerno abriram investigação sobre o caso; diretor de Escritório da Agência da ONU para Migrações, OIM, para o Mediterrâneo declarou ser “muito provável que sejam vítimas de tráfico para exploração sexual”; mais de 2,6 mil migrantes foram resgatados em apenas quatro dias.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

O Escritório de Coordenação da Agência das Nações Unidas para Migrações, OIM, para o Mediterrâneo fez um informe na segunda-feira sobre operações que salvaram mais de 2,6 mil migrantes em apenas quatro dias.

As ações resultaram ainda na recuperação de 34 corpos e estimativas são de que pelo menos outras 50 pessoas estejam desaparecidas no mar. O porta-voz da OIM em Roma, Flavio Di Giacomo, afirmou que “este é o resultado de uma das semanas mais difíceis” para equipes de resgate no Mediterrâneo Central nos últimos quatro meses.

África

A grande maioria dos migrantes resgatados nestes dias eram cidadãos de países da África Ocidental, mas havia também outras nacionalidades: de Bangladesh, Eritreia, Egito, Sudão, Marrocos, Síria e Líbia.

O caso “mais dramático”, segundo a OIM, ocorreu no domingo quando o navio “Cantábria” da Marinha Espanhola levou a Salerno, na Itália, os restos mortais de dezenas de mulheres, junto com 402 migrantes resgatados em quatro operações diferentes.

Mulheres e meninas

Diante dos corpos apenas de meninas e mulheres, as autoridades de Salerno abriram investigações para esclarecer as circunstâncias das mortes, sem excluir a possibilidade de ter sido um caso de homicídio.

Na sexta-feira, o mesmo navio da Marinha Espanhola resgatou um bote de borracha naufragado, salvando 64 pessoas e recuperando os corpos de 23 meninas nigerianas.

Em outra operação, o navio “Bergamini”, na Marinha Italiana recuperou os corpos de três mulheres em um bote inflável que estava transportando 139 migrantes. Os corpos foram transferidos para o “Cantábria”.

Tráfico humano

O diretor do Escritório de Coordenação da OIM para o Mediterrâneo, Federico Soda, alertou que a tragédia afeta um grupo de pessoas “particularmente em risco”. Ele declarou ser “muito provável que estas meninas sejam vítimas de tráfico para exploração sexual”.

Soda citou estimativas de um relatório recente da OIM calculado que 80% das meninas nigerianas chegando à Itália pelo mar possam ser vítimas de tráfico.

Ele chamou atenção ainda para um “aumento alarmante” no número de mulheres e meninas nigerianas chegando à Itália nos últimos três anos: de 1,5 mil em 2014 para 11 mil em 2016. A tendência mais “perturbadora” é que muitas vezes, elas têm menos de 18 anos.

“Histórias dramáticas”

Segundo Soba, a” agência da ONU está presente em pontos de desembarque na Itália onde oferece assistência específica a vítimas de tráfico após informá-las dos riscos que correm e da possibilidade de serem protegidas pela lei italiana”.

A OIM relatou “histórias dramáticas” contadas por sobreviventes em Salermo: uma menina afirmou ter sido estuprada; outra disse ter visto seus três filhos morrerem no mar.

A agência informou que 154.609 migrantes e refugiados entraram na Europa pelo mar em 2017 até o dia 5 de novembro. Cerca de 75% deles chegaram na Itália e o restante na Grécia, em Chipre e na Espanha. O número representa uma queda em comparação às 337.773 chegadas na região durante o mesmo período do ano passado.

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Photo Credit
Foto: OIM/Jennifer Sparks