ONU quer que membros do Isil respondam a tribunal após retomada de Mossul
Maioria das 2,5 mil mortes foi atribuída ao grupo terrorista; relatório recomenda que integrantes respondam a crimes internacionais; informe pede investigação de atos do Exército e de forças associadas na operação militar terminada em julho.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.*
Pelo menos 2.521 civis foram mortos na operação militar de nove meses que libertou a cidade iraquiana de Mossul que estava no comando do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil.
Um relatório das Nações Unidas, lançado esta quinta-feira em Genebra, revela que grande parte dessas ações foi principalmente atribuída ao grupo terrorista.
Pessoas executadas
O levantamento indica que 741 pessoas foram executadas na operação que retomou a cidade em julho. O local era controlado pelo Isil desde 2014. Pelo menos 1.673 ficaram feridas.
O Isil cometeu violações graves e sistemáticas que representam "crimes internacionais" na campanha militar, segundo a Missão da ONU no Iraque, Unami, e o Escritório para os Direitos Humanos.
O informe cita testemunhas relatando raptos em massa de civis, uso de milhares de pessoas como escudos humanos, bombardeios intencionais a residências e alvos civis de forma indiscriminada na tentativa de fugir da cidade.
Há uma semana, o Corpo de Defesa Civil recuperou cadáveres de 1.642 pessoas embaixo dos escombros na cidade.
Deslocados
Segundo o documento, 824 mil pessoas foram forçadas a fugir de Mossul como resultado das operações militares.
Desde 2014, pelo menos 74 valas comuns foram descobertas em áreas iraquianas que antes eram ocupadas pelo Isil. O número de corpos em cada cova varia de pequenas quantidades para milhares.
De acordo com o relatório, as autoridades iraquianas devem investigar alegadas violações e abusos dos direitos humanos cometidos pelo Exército e pelas forças associadas durante a operação militar.
Resultados
Pelo menos 461 civis morreram após ataques aéreos desde fevereiro, na fase mais intensa da ofensiva.
Os autores não puderam determinar a responsabilidade pelos atos, mas pedem que todas as ações onde as vítimas eram civis e a comunidade internacional esteve envolvida devem ser investigadas minuciosamente com a divulgação de resultados.
Tribunais
O pedido ao governo do Iraque e às autoridades da região autônoma do Curdistão é que garantam que os crimes do conflito armado estejam sujeitos à jurisdição dos tribunais nacionais.
O informe pede alterações imediatas à lei nacional para que exerça jurisdição doméstica sobre crimes internacionais e ao país que aceite a jurisdição do Tribunal Penal Internacional para a situação específica que enfrenta.
O relatório destaca que os responsáveis por “crimes internacionais” em Mossul sejam levados ao tribunal. Segundo o documento, o Iraque enviaria uma mensagem ao povo que sofreu “que a justiça será feita”, independentemente de quando ou onde.
*Apresentação: Monica Grayley.
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