Secretário-geral da ONU acredita que divisões religiosas são resultado de manipulações políticas; Guterres quer que Conselho de Segurança apoie reforço da operação de paz e das Forças Armadas centro-africanas.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, marcou o segundo dia da visita à República Centro-Africana destacando que a sua presença no país mostra solidariedade ativa.
Esta quarta-feira, o chefe da ONU participou numa reunião com o presidente Faustine Touadéra, em Bangui, onde reafirmou a “profunda” cooperação com o povo centro-africano pelos “sofrimentos, problemas e dificuldades”.
Compromisso
Mas o chefe da ONU disse que a mensagem essencial da sua visita era sobre a “necessidade de um compromisso da comunidade internacional não apenas para reduzir esse sofrimento e problemas”.
Para Guterres “há uma oportunidade de construir uma nova República Centro-Africana em paz, segurança e prosperidade para o seu povo”. Guterres citou o atual diálogo político que envolve movimentos armados para garantir um futuro de paz no país.

Chefe da ONU destacou que a sua presença no país mostra solidariedade ativa. Foto: ONU.
BangassouNa sua visita de solidariedade, Guterres esteve com desalojados na cidade de Bangassou. Ele disse que “cristãos e muçulmanos sofreram o suficiente e que os líderes religiosos devem ser apóstolos pela paz”.
Dirigindo-se às forças de paz na área, o chefe da ONU revelou que estava “extremamente orgulhoso da coragem” e da resistência mostradas ao lidar com a situação com alto respeito pelos direitos da população centro-africana.
Para o secretário-geral, as atuais divisões religiosas “não são tão profundas e nunca existiram, sendo “apenas o resultado de manipulações políticas que devem ser condenadas e evitadas a todo custo”.
Guterres elogiou o presidente centro-africano pelo seu forte apelo à unidade e pela reconciliação do povo. O apelo aos líderes religiosos e comunitários é que “elevem a voz no sentido de uma reconciliação efetiva”.
Ações hostis
Na segunda-feira, o chefe da ONU prestou tributo aos militares internacionais pelo seu sacrifício em busca da paz numa cerimónia e em visitas a soldados internados. Pelo menos 12 boinas-azuis perderam a vida em situações hostis ocorridas este ano na nação africana.
Guterres disse ainda que é preciso “um reforço do tamanho e da capacidade da Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana, Minusca, para proteger melhor o povo”.
O representante defendeu ainda que devem ser criadas condições para que as Forças Armadas centro-africanas comecem a desempenhar um papel efetivo na proteção e na segurança do seu país.
O outro pedido do chefe da ONU é que “tudo seja feito para ajudar o país a adotar uma perspetiva de desenvolvimento, para que as pessoas possam sentir que a paz traz elementos positivos” na vida nacional e nas suas diferentes regiões.
Guterres apelou à solidariedade ativa a comunidade internacional para que esta ajude as Nações Unidas no reforço da Minusca, em particular através de uma decisão do Conselho de Segurança para apoiar as Forças Armadas centro-africanas.
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