Na FAO, papa Francisco pede resposta global à fome e mudança climática
Pontífice destaca interligação entre falta de alimentos, aquecimento global e migração; celebração da data destaca relação entre movimentos migratórios, agricultura e desenvolvimento rural.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
O papa Francisco pediu esta segunda-feira um “consenso concreto e prático” dos governos para acabar com a crescente fome do mundo. Ele propõe uma saída através da solução dos conflitos e das catástrofes relacionadas com as mudanças climáticas.
O papa foi convidado de honra do evento que marcou o Dia Mundial da Alimentação na sede da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, em Roma.
Fome
Francisco diz que que os governos devem cooperar para enfrentar os problemas interligados de fome, do aquecimento global e da migração.
O papa disse que é claro que as guerras e as mudanças climáticas são a causa da fome. Para ele, é preciso evitar apresentá-la como se a fome fosse uma doença incurável.
Francisco citou ainda a importância do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas dizendo que “infelizmente alguns estão se distanciando” do tratado.
Já o diretor geral da FAO declarou que este ano a celebração da data é dedicada à relação entre migração, agricultura e desenvolvimento rural.
Falando em espanhol, José Graziano da Silva disse que a intenção é abordar as causas mais profundas da migração como a miséria, a insegurança alimentar, a desigualdade, o desemprego e a falta de proteção social.
O chefe da FAO lembrou que todos os anos, milhões de pessoas deixam suas casas para escapar da fome, da pobreza e do conflito e que “mais e mais pessoas migram porque não têm a opção de permanecer em suas casas e terras”.
O papa Francisco declarou que a “negligência e a ganância com os recursos limitados do mundo” prejudicam o planeta e as pessoas mais vulneráveis, forçando muitos a abandonar suas casas em busca de trabalho e de alimentos.
Estilo de vida
Para o papa, o mundo é chamado a propor uma mudança de estilo de vida e do uso de recursos.
De acordo com a ONU, o número de pessoas que passam fome no mundo aumentou novamente após uma década de declínios, devido a conflitos prolongados, inundações e secas relacionadas com as mudanças climáticas.
O planeta conta atualmente 815 milhões de pessoas cronicamente subnutridas, que equivalem a 11% da população global.
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