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Após mais de 13 anos, Missão da ONU despede-se do Haiti

Após mais de 13 anos, Missão da ONU despede-se do Haiti

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Minustah será substituída por operação menor que se concentrará no apoio à justiça; Brasil deteve comando das forças de paz desde 2014; ONU News conversou com chefe da Minustah, Sandra Honoré, e com o comandante das forças, Ajax Porto Pinheiro.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

Após 13 anos, a Missão da ONU de Estabilização no Haiti, Minustah, encerra suas operações neste domingo.

A Minustah foi criada em 1º de junho de 2004 pela resolução 1542 do Conselho de Segurança.

Democracia

Nesta quinta-feira, o Conselho realizou seu último debate sobre a Minustah. O encontro contou com a participação da representante especial do secretário-geral no Haiti, Sandra Honoré.

Ela declarou que considera positivas as relações entre a ONU e o povo haitiano e afirmou que a organização continuará apoiando a democracia no país caribenho.

Contribuições

Em entrevista à ONU News, Sandra Honoré contou o que espera para o futuro do Haiti após a Minustah.

“A minha mensagem seria uma mensagem de que o Haiti está definitivamente virando a página agora e precisa de todo o apoio dos parceiros da comunidade internacional para continuar sobre o caminho do desenvolvimento sustentável”.

Brasil

O Brasil comandou o componente militar da Minustah desde o início da missão em 2004. Foi também o país que mais enviou tropas. Mais de 37,5 mil brasileiros participaram das operações em contingentes que se renovavam a cada semestre.

No total, mais de 96 mil boinas azuis integraram a Missão que teve a contribuição de 20 países.

O último comandante brasileiro no Haiti, o general Ajax Porto Pinheiro conversou com exclusividade com a ONU News antes de participar de uma sessão no Conselho de Segurança, na quinta-feira.

O general disse que a Minustah deixará um legado no país de uma missão que não foi apenas de estabilização, mas que desenvolveu-se também no aspecto humanitário. Ajax Porto Pinheiro contou uma curiosidade sobre a língua portuguesa que resultou do contato dos soldados com crianças haitianas.

“O soldado brasileiro, nos momentos em que ele não está sob tensão, ele está rindo, naturalmente ele é assim. Isso criou uma ligação com as crianças (...), com a população como um todo, mas principalmente com as crianças. E aí eles foram aprendendo, as palavras portuguesas, depois ligaram e começam a falar. O haitiano é o povo que eu conheci que tem mais facilidade de aprender uma língua diferente”.

Terremoto

Entre outras ações, a Minustah atuou em atividades de recuperação, reconstrução e estabilização após o arrasador terremoto de 12 de janeiro de 2010, que matou mais de 200 mil pessoas no Haiti, incluindo 102 funcionários das Nações Unidas.

A partir de terça-feira começam as atividades da Missão da ONU para o Apoio à Justiça no Haiti, Minujusth.

Em julho, o subsecretário-geral da ONU para Operações de Paz, Jean Pierre Lacroix, falou à ONU News, em português, sobre o fim da Minustah e a transição para a nova Missão.

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Foto: ONU/Marco Dormino