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Zâmbia regista “maior fluxo de refugiados” da RD Congo em cinco anos

Zâmbia regista “maior fluxo de refugiados” da RD Congo em cinco anos

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Movimento nos últimos 33 dias deve-se à violência nas províncias congolesas de Alto Katanga e Tanganyika; crianças representam cerca de 60% dos recém-chegados ao território zambiano.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

A violência crescente no sudeste da República Democrática do Congo, RD Congo, já levou mais de 3,3 mil pessoas a buscar refúgio no norte da Zâmbia desde 30 de agosto.

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, está preocupada com o que considera “o maior fluxo de congoleses dos últimos cinco anos”. O receio é que a insegurança em território congolês provoque a fuga de mais pessoas.

Extrema brutalidade

Os refugiados e os candidatos a asilo dizem que deixam a RD Congo para escapar dos confrontos interétnicos e de combates entre as Forças Armadas e grupos de milícias.

Relatos de recém-chegados dão conta de “extrema brutalidade, morte de civis, mulheres estupradas, propriedades saqueadas e casas incendiadas” principalmente nas províncias de Alto Katanga e Tanganyika.

Vários refugiados congoleses que chegaram ao território zambiano já eram deslocados internos antes de atravessarem a fronteira. A assistência que recebem é limitada por falta de estradas e pelas longas distâncias nas áreas de origem.

Com a aproximação das chuvas, a agência adverte que as  necessidades humanitárias das pessoas que deixaram as suas casas podem aumentar nos dois lados da fronteira.

Doenças

Cerca de 60% dos que chegam à Zâmbia são crianças e precisam de proteção e apoio urgentes por apresentarem sinais de desnutrição e doenças como malária, problemas respiratórios, disenteria e infeções cutâneas.

Após passarem pelo registo das autoridades da Zâmbia, a maioria dos deslocados passa para o centro de trânsito de Kenani a cerca de 90 quilómetros da fronteira. Vários deles esperam pelos familiares perto do limite entre os dois países.

O Acnur, o governo zambiano e a Cruz Vermelha oferecem refeições quentes, identificam as necessidades específicas dos deslocados e prestam apoio psicossocial aos sobreviventes da violência sexual e de género.

Novas instalações

A resposta humanitária envolve artigos básicos como tendas, plásticos, mosquiteiros, cobertores, baldes, kits de higiene e sabão. Ao mesmo tempo também são construídos abrigos, poços e latrinas temporárias.

Devido à superlotação dos acampamentos, a agência ajuda a construir novas instalações de trânsito para receber um número crescente de congoleses.

Há planos de construção de um novo assentamento permanente com uma infraestrutura social onde os recém-chegados possam ficar por mais tempo e criar meios de autossuficiência.

Em 2016, a Zâmbia recebeu cerca de 5,7 mil congoleses que elevaram para mais de 27,3 mil o total refugiados e candidatos a asilo congoleses  que representam 45% da população refugiada na Zâmbia.

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No centro Nchelenge, em Chiengi, nno norte da Zâmbia, refugiados congoleses recebem uma refeição. Foto: Acnur/Pumla Rulashe