Diretor do Unicef fala de crianças desesperadas, traumatizadas e mais famílias que fogem da violência em Mianmar; prioridade do plano é aumentar distribuição de água potável e saneamento.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, precisa de US$ 76,1 milhões para a resposta humanitária de emergência à crise de refugiados da minoria rohingya que vive no sul de Bangladesh.

A agência quer cobrir as necessidades imediatas de 720 mil crianças com o apelo humanitário lançado esta segunda-feira na cidade bengalesa de Cox’s Bazar.

Comunidades

Os menores beneficiários incluem recém-chegados do Mianmar, os que viviam na área antes de 25 de agosto e as que fazem parte das comunidades anfitriãs vulneráveis.

O Unicef estima que as crianças compõem 60% dos 500 mil rohingya que fugiram do Mianmar desde o fim de agosto. A maioria delas “vive em condições difíceis e insalubres em campos improvisados e assentamentos” espalhados pela área portuária de Cox’s Bazar.

O diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake, está no sul do Bangladesh e descreveu um cenário de “crianças desesperadas, traumatizadas e famílias que fogem da violência em Mianmar todos os dias.”

Ajuda imediata 

Anthony Lake disse que a agência vai alargar a sua resposta o mais rápido possível, mas destaca que “a magnitude das necessidades é imensa” e que mais deve ser feito para ajudar as vítimas. Ele destacou que a infância é negada às crianças que precisam de ajuda imediata.

A prioridade do apelo é aumentar a distribuição de água potável e melhorar a oferta de saneamento e higiene para as crianças rohingya.

A outra preocupação do Unicef é com um possível surto de diarreia e de outras doenças transmitidas pela água. A maioria das crianças rohingya não recebeu vacinação completa contra doenças como a poliomielite.

Desnutrição

Para o fim deste mês está prevista uma campanha de vacinação oral contra a cólera para crianças com mais de um ano. Cerca de 900 mil doses da vacina devem chegar até sábado em Bangladesh.

O Fundo deve ajudar a atender necessidades nutricionais de pelo menos 60% das 7,500 crianças que sofrem de desnutrição aguda grave e comprar alimentos terapêuticos prontos a consumir.

A agência também quer alargar a rede de Centros de Adolescentes para capacitar o grupo em habilidades para a vida, atividades recreativas e apoio psicossocial especialmente para os mais vulneráveis.

O plano inclui ainda oferecer sessões de aprendizagem e de educação básica não formal a todas as crianças rohingya.

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