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“Realidade no terreno exige ação rápida”, diz Guterres sobre crise em Mianmar

“Realidade no terreno exige ação rápida”, diz Guterres sobre crise em Mianmar

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No Conselho de Segurança, secretário-geral afirmou que pelo menos 500 mil civis fugiram de suas casas e buscaram segurança em Bangladesh; Guterres listou três medidas imediatas que pede às autoridades de Mianmar: fim das operações militares, acesso humanitário irrestrito e permissão de retorno seguro e voluntário dos refugiados.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas está reunido na tarde desta quinta-feira para discutir a situação em Mianmar.  Uma onda de violência contra a minoria rohingya no estado de Rakhine, tem causado a fuga de centenas de milhares de pessoas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que em 2 de setembro, escreveu ao Conselho pedindo uma “ação coordenada” para evitar uma escalada ainda maior da crise. A maioria dos rohingya é de origem muçulmana.

Realidade e pesadelo

Agora, Guterres diz sentir-se encorajado com a discussão do tema quatro vezes em menos de um mês.

Para António Guterres, “a realidade no terreno exige ação rápida para proteger as pessoas, aliviar o sofrimento, evitar mais instabilidade, abordar as causas da situação e criar, por fim, uma solução duradoura.”

Ele afirmou que a crise atual tem piorado de forma constante desde os ataques de 25 de agosto cometidos pelo Exército de Salvação Rohingya a forças de segurança de Mianmar e voltou a condenar as ações.

Desde então, o secretário-geral declarou que a situação se transformou “na emergência de refugiados que se desenvolve mais rápido no mundo e um pesadelo humanitário e de direitos humanos”.

Três passos

Ele listou três medidas imediatas que continua a pedir das autoridades de Mianmar.

A primeira, segundo Guterres, é “o fim das operações militares”. O chefe da ONU pediu ainda a permissão sem restrições de apoio humanitário e, por fim, que seja garantido o “retorno seguro, voluntário, digno e sustentável dos refugiados a suas áreas de origem”.

Segundo o secretário-geral, pelo menos 500 mil civis fugiram de suas casas e buscaram segurança em Bangladesh. Cálculos são de que 94% dos deslocados são rohingyas.

Ele ressaltou que a “situação humanitária arrasadora não é apenas um terreno fértil para radicalização, mas também coloca pessoas vulneráveis, incluindo crianças pequenas”, em risco de atividades criminosas, como tráfico.

Causas

Para Guterres, a crise destaca a “necessidade urgente de uma solução política para as causas da violência”.

Segundo ele, o “centro do problema é apatridia prolongada e discriminação associada”. O chefe da ONU disse que as recomendações da comissão consultiva sobre o estado de Rakhine, liderada pelo ex-secretário-geral Kofi Annan, fornece um “plano para o futuro de longo prazo”.

O secretário-geral destacou ainda a questão do acesso humanitário e declarou ser “imperativo” que agências da ONU e ONGs parceiras tenham “acesso imediato e seguro” a todas as comunidades afetadas.

Também participaram da reunião no Conselho de Segurança o conselheiro de Segurança Nacional de Mianmar e o representante permanente de Bangladesh junto às Nações Unidas.

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Refugiados rohingya chegam ao campo de Kutupalong no Bangladesh. Foto: Acnur/Vivian Tan