Unicef: número de crianças fora da escola não diminuiu em 10 anos
Unicef revela que 40% dos 123 milhões de menores afetados vivem nos países menos desenvolvidos; menos de 3% de recursos humanitários globais são dedicados à educação.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alertou esta quarta-feira que 11,5% das crianças em idade escolar não frequentam o ensino. O número equivale a 123 milhões de menores, que não teria diminuído na última década.
A agência destaca que em 2007 havia 12,8% de crianças fora da escola com idades compreendidas entre os seis e os 15 anos, equivalente a 135 milhões de menores.
Emergências
Para a agência, essa estagnação deve-se a níveis generalizados de pobreza, aos conflitos prolongados e a emergências humanas complexas. O pedido aos países é que invistam mais para lidar com as razões que levam as crianças vulneráveis a ficar fora da escola.
O documento destaca que menores de países mais pobres do mundo e das zonas de conflito são afetados de uma forma desproporcional. Pelo menos 40% do total vivem nos países menos desenvolvidos e 20% vivem em zonas de conflito.
Para ilustrar o impacto negativo das guerras sobre os ganhos na educação, a agência aponta para os conflitos no Iraque e na Síria que fizeram com que “mais de 3,4 milhões de crianças ficassem fora do ensino”.
Ensino
No Médio Oriente e no norte de África o número de crianças que não frequenta a escola ronda os 16 milhões, o mesmo nível registado há 10 anos.
A África Subsaariana e a Ásia do Sul distinguem-se pelos altos níveis de pobreza, pelo crescimento rápido das populações e pelas emergências recorrentes. É nessas regiões onde vivem 75% dos que frequentam os últimos níveis do ensino primário e os primeiros do secundário.
O desempenho da Etiópia que aumentou a taxa de matrículas em 15%, e do Níger com 19% são elogiados pelo relatório que recorda que ambos estão entre as nações mais pobres do mundo.
O Unicef alerta que a falta de fundos para a educação em emergências afeta o acesso das crianças à escola em situações de conflito. Somente 2,7% dos recursos humanitários globais são dedicados à educação.