ONU quer evitar que situação centro-africana “chegue a ponto crítico”
Chefe de Operações de Paz deve passar fim de semana em interação com autoridades e forças de paz na República Centro-Africana; organização regista aumento da intensidade de ataques contra civis e capacetes azuis em várias áreas.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
O subsecretário-geral das Operações de Manutenção da Paz, Jean-Pierre Lacroix estará na República Centro-Africana durante o fim de semana para acompanhar os desenvolvimentos em prol da segurança.
De acordo com as Nações Unidas, o representante deverá “levar uma mensagem de apoio” à Missão da ONU na República Centro-Africana, Minusca e às autoridades nacionais.
Ponto Crítico
Antes da sua partida de Nova Iorque, o chefe das operações de paz advertiu ao Conselho de Segurança que “deve ser evitado a todo o custo que a situação chegue a um ponto crítico na República Centro-Africana”.
Jean Pierre Lacroix falou do aumento da intensidade dos ataques contra os civis e as forças da paz, no país onde 13 soldados de paz perderam a vida em 2017. Nove desses militares morreram na cidade de Bangassou e arredores.Foi nessa área onde três soldados da paz foram vítimas de ataques de grupos de autodefesa afiliados à milícia anti-Balaka quando tentavam garantir acesso a água a 2 mil deslocados.
As Nações Unidas defendem que a situação humanitária e de segurança piorou na cidade do sudeste do país.
Novos Confrontos
A cidade fronteiriça de Zemio, a 290 km a leste de Bangassou, está em risco de novos confrontos entre a comunidade muçulmana e elementos afiliados às milícias anti-Balaka. Recentemente, pelo menos 22 mil civis abandonaram as suas casas.
Em Bria, no norte, a situação é considerada frágil após “o vazio criado pela saída de forças ugandesas e norte-americanas que levou ao surgimento de grupos hostis de “autodefesa”.
O número de deslocados internos subiu em cerca de 40% num momento marcado pelo aumento de ataques ao pessoal humanitário, aos comboios de auxílio e à infraestrutura.
Lacroix citou a violência causada pelos combates no sudeste do país, o aumento das tensões interétnicas e os esforços de “agitadores” para manipular comunidades com base na religião e prejudicar o processo de estabilização.
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