Perspectiva Global Reportagens Humanas

Tanzânia deve combater “práticas de feitiçaria” que utilizam albinos

Tanzânia deve combater “práticas de feitiçaria” que utilizam albinos

Baixar

Relatora da ONU pede mais ações de educação do público; especialista elogiou diminuição de denúncias de ataques no fim da visita ao país africano.

Eleutério Guevane da ONU Nes em Nova Iorque.

A relatora da ONU sobre pessoas com albinismo disse esta sexta-feira na Tanzânia que no meio rural as  pessoas com a condição continuam com medo de atitudes generalizadas que levam à violência.

As declarações foram feitas no fim da primeira visita de Ikponwosa Ero ao país, onde revelou que “apesar da redução de ataques é preciso trabalhar mais para debater a feitiçaria e educar o público”.

Registo

As áreas que precisam de mais trabalho incluem o cuidado às crianças albinas em abrigos e às suas famílias e as medidas para abordar práticas de feitiçaria. Ela elogiou o registo de curandeiros tradicionais no país.

A especialista indica que a situação de vida dos albinos é muito frágil, que as causas profundas dos ataques continuam estagnadas e os efeitos de mais de uma década de violações ainda têm peso.

A relatora deve produzir um relatório sobre a visita de 11 dias à Tanzânia a ser apresentado em março no Conselho dos Direitos Humanos.

Ero aponta que a queda de ataques relatados às autoridades foi resultado das ações do governo para abordar a questão “enraizada na crença equivocada de que as partes do corpo de pessoas com albinismo têm valor nas práticas de feitiçaria”.

Supervisão

Ela saudou o registo de curandeiros tradicionais mas disse não haver ainda uma supervisão total sobre o seu trabalho e que existe “confusão nas mentes do público em geral entre a feitiçaria e o trabalho dos curandeiros tradicionais”.

O cancro da pele é para a relatora “uma das maiores ameaças à vida de pessoas com albinismo para a qual defende ações de forma sustentada.

Ero disse ter ficado preocupada com o uso das escolas como centros de proteção para crianças com albinismo. Em alguns casos, esses locais evoluíram de abrigos temporários para locais de acomodação a longo prazo.

Photo Credit
Foto: Unicef Mozambique/Sergio Fernandez