ONU otimista com mais acesso para ajuda humanitária no Sudão do Sul
Representante do secretário-geral disse que levará a sério promessas do presidente Salva Kiir que concordou com trânsito irrestrito para auxílio; combates na cidade de Pagak deslocam milhares de sul-sudaneses para a Etiópia.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
O enviado das Nações Unidas no Sudão do Sul, David Shearer, saudou o pronunciamento do presidente do país, Salva Kiir, no qual revelou ter dado ordens para permitir um acesso humanitário sem restrições para os que precisam.
Falando a jornalistas esta quarta-feira, em Juba, o representante do secretário-geral disse que as declarações serão levadas a sério porque o acesso das agências é essencial para os mais vulneráveis.
Combates
Entretanto, o também chefe da Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, expressou preocupação com a situação na cidade de Pagak que é controlada pelas forças da oposição, no norte.
Tropas do governo avançam para a área do estado do Alto Nilo onde ocorrem pesados combates que “podem reduzir o acesso à assistência humanitária”. Nos últimos dias, pelo menos 25 trabalhadores do setor foram retirados da cidade.
Cerca de 5 mil pessoas foram registadas pela Organização Internacional para Migrações, OIM, após terem abandonado as suas casas em busca de refugio na Etiópia. O apelo de Shearer é que as partes em conflito suspendam a violência.
Discurso
O chefe da operação de paz informou que a violência próxima a Pagak foi abordada no discurso do presidente Salva Kiir no Dia da Independência.
O presidente teria dito que “a guerra não é uma opção” e que a continuação da violência “leva à perda de vidas inocentes, à destruição de bens e aos subdesenvolvimentos” do Sudão do Sul.
As Nações Unidas estimam que metade da população sul-sudanesa, que corresponde a 6 milhões de pessoas, devem precisar de ajuda alimentar este mês.
David Shearer disse que concorda com os comentários recentes do presidente de que a produção agrícola era vital para o bem-estar das comunidades locais, bem como da economia sul-sudanesa.
O chefe da Unmiss reiterou, entretanto, que a posição da ONU é que não há solução militar para o conflito senão política.
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