Perspectiva Global Reportagens Humanas

Banco Mundial calcula danos globais causados pelo casamento infantil

Banco Mundial calcula danos globais causados pelo casamento infantil

Baixar

Relatório alerta que, apesar de o fim do matrimônio precoce estar entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, há poucas estratégias para eliminá-lo.

Mariana Ceratti, de Brasília*, para a ONU News

Novo estudo publicado pelo Banco Mundial e pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre Mulheres (ICRW) revela que o casamento infantil custará aos países em desenvolvimento trilhões de dólares até 2030.

Para fazer esse cálculo, os pesquisadores levaram em conta os efeitos que essa prática tem sobre o crescimento populacional, bem como sobre a saúde, a educação e os rendimentos das jovens e de seus filhos.

África e Ásia

O documento contém dados de 25 países, concentrados principalmente na África e na Ásia. Em tais nações, quando se analisa a população feminina entre 18 e 22 anos, descobre-se que mais ou menos uma em cada três mulheres casou antes dos 18 anos. Nesse mesmo grupo, uma em cada cinco teve o primeiro filho antes de chegar aos 18.

Finalmente, nos países destacados no estudo, o casamento infantil responde por três em cada quatro partos realizados em uma mãe com menos de 18 anos. O relatório estima que uma menina casada com 13 anos terá em média 26% mais filhos ao longo da vida do que se tivesse se casado aos 18 ou mais tarde.

Isso significa que acabar com o casamento precoce reduziria as taxas de fertilidade total em 11%, em média, nesses países, levando a reduções substanciais do crescimento da população ao longo do tempo.

Níger

Só no Níger, o país com maior prevalência de matrimônio infantil no mundo, a população até 2030 poderia ser 5% menor se essa prática fosse eliminada.

Acabar com o casamento infantil faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Mas o relatório alerta que poucos países adotaram estratégias para acabar com o problema, e os investimentos em termos de programas e políticas contra ele permanecem limitados.

Entre as recomendações, o estudo fala em investir em legislação e educação, bem como conscientizar os pais sobre os danos que o casamento infantil pode trazer à vida de mulheres e meninas.

*Reportagem do Banco Mundial Brasil.

Photo Credit
Niger é o mais com maior prevalência de casamento infantil. Foto: Banco Mundial