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Conferência em Viena discute proibição de testes nucleares

Conferência em Viena discute proibição de testes nucleares

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Encontro reúne cientistas do mundo inteiro para criar um regime de verificação global; Chefe da Comissão Preparatória para o Tratado de Proibição de Testes Nucleares quer envolvimento de jovens nesse processo.

Edgard Júnior, da ONU News em Nova Iorque.

Cientistas e especialistas técnicos estão participando em Viena, na Áustria, da Conferência de Ciência e Tecnologia 2017 com o objetivo de criar um regime de verificação global para monitorar o cumprimento da proibição de testes nucleares.

O encontro, que vai até sexta-feira, busca fortalecer as relações entre a comunidade científica e as autoridades dos governos para que as determinações feitas pelo Tratado de Proibição de Testes Nucleares, Ctbt, sejam seguidas.

Jovens

Em entrevista à ONU News, pouco depois da abertura do encontro, esta segunda-feira, o chefe da Comissão Preparatória do tratado, Lassina Zerbo, falou da importância da participação dos jovens nesse processo.

Ele disse que a conferência está trazendo quase 100 jovens de 54 países que fazem parte do grupo de jovens do Ctbt. A ideia, segundo Zerbo, é "fazer a ligação entre ciência e política" como forma de pressão para que o acordo entre em vigor.

O Ctbt é um tratado multilateral adotado pela Assembleia Geral da ONU em 1996 que proíbe todos os tipos de explosão nuclear, seja na superfície terrestre ou no mar.

Além disso, dificulta o desenvolvimento de bombas nucleares, tanto para países que estejam buscando fabricar a primeira bomba atômica ou para os que já têm um arsenal e queiram desenvolver explosivos mais potentes.

Moratória

Dos 183 países que já assinaram o acordo, 166 ratificaram o documento, incluindo três potências nucleares, França, Reino Unido e Rússia.

Mas para entrar em vigor, outros oito países com tecnologia nuclear precisam também ratificar o tratado, são eles: China, Coreia do Norte, Egito, Estados Unidos, Índia, Irã, Israel e Paquistão.

Mais de dois mil testes nucleares foram realizados entre 1945 e 1996, quando o acordo foi adotado. Desde 1996, três países violaram a moratória imposta pelo documento, Índia e Paquistão, em 1998 e a Coreia do Norte em 2006, 2009, 2013 e 2016.

Enquanto o tratado não entra em vigor, a Comissão Preparatória estabeleceu e está operando 337 instalações do sistema internacional de monitoramento para detectar qualquer sinal de explosão nuclear no planeta.

Photo Credit
Teste nuclear "Ivy Mike" foi realizado pelos Estados Unidos no Atól de Enewetak, em novembro de 1952. Foto: Domínio público/Flickr CTBTO.