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Sudão do Sul: mais de mil crianças fogem por dia em busca de segurança

Sudão do Sul: mais de mil crianças fogem por dia em busca de segurança

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Uganda é atualmente o país africano que mais abriga refugiados; números mais do que dobraram no último ano.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.

Nesta terça-feira, 20 de junho, Dia Mundial dos Refugiados, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, fez um alerta: em média, mais de mil crianças continuam a fugir do Sudão do Sul por dia por causa da violência. A crise de segurança da região tornou-se uma crise de crianças.

Desde a eclosão do conflito no país em dezembro de 2013, mais de 1,8 milhão de pessoas atravessaram as fronteiras para países vizinhos.

Uganda

Em apenas um ano, a população de refugiados no Uganda mais do que dobrou, de 500 mil para mais de 1,25 milhão.

A diretora regional do Unicef para África Oriental e Austral, Leila Pakkala, alertou que mais de um milhão de crianças foram forçadas a fugir de suas casas em meio a “horrível violência”.

A representante afirmou que os deslocados são recebidos em países como Uganda, Etiópia e Quénia. Segundo Pakkala, apesar de muitas ações, os sistemas dessas nações estão sob forte pressão.

Mulheres e crianças

Entre 22 e 23 de junho será realizado o Seminário Internacional de Uganda de Solidariedade com os Refugiados. O Unicef ressaltou que 86% dos deslocados no país são mulheres e crianças.

Uganda é atualmente o país africano que mais abriga refugiados, tendo pulado da oitava posição global em meados de 2016 para o terceiro lugar hoje em dia, atrás de Turquia e Paquistão.

“Números drámaticos”

O governo ugandês, a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, o Unicef, o Programa Mundial de Alimentação, PMA, e outros parceiros humanitários estão trabalhando sem parar no terreno para prestar assistência aos mais de 740 mil refugiados que chegaram ao Uganda desde julho de 2016.

O Unicef destacou que números tão “dramáticos” estão colocando pressão excessiva nos recursos do Estado e de comunidades anfitriãs, especialmente em serviços sociais que são fundamentais para o bem-estar de crianças.

Portas abertas

Leila Pakkala afirmou que o governo do Uganda tem uma política de portas abertas progressista e generosa para os refugiados”. A representante declarou ainda esperar que o modelo seja apoiado por diversos países.

O governo ugandês e as Nações Unidas estão a apelar por US$ 8 mil milhões em financiamento tanto para resposta de emergência quanto para ações de resiliência para os deslocados e a população anfitriã nos próximos quatro anos.

No Dia Mundial dos Refugiados, o Unicef está reiterando seu apelo a governos para que adotem seu plano de ação de seis pontos para proteger crianças refugiadas e migrantes e garantir seu bem-estar. A agenda foi lançada em maio, antes da reunião do G7 na Itália.

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Jovem refugiado sul-sudanês a ser transportado para o acampamento de Imvepi, ao norte da Uganda. Foto: Acnur/David Azia