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Mossul: mortes recentes indicam aumento das atrocidades contra civis

Mossul: mortes recentes indicam aumento das atrocidades contra civis

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Escritório de Direitos Humanos recebeu relatos de que combatentes do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, mataram mais de 231 civis, incluindo mulheres e crianças, que tentavam fugir do oeste da cidade nas últimas duas semanas.

Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.*

O Escritório do alto comissário da ONU para os Direitos Humanos alertou para relatos “verossímeis” de que combatentes do grupo terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, mataram mais de 231 civis, incluindo mulheres e crianças, que tentavam fugir do oeste de Mossul nas últimas duas semanas.

O órgão destacou que ataques a civis podem constituir crimes de guerra. Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, o Escritório, que tem documentado supostos abusos e violações desde o início das operações para retomar a cidade, afirmou que os relatos recentes sugerem “escalada significatica” das atrocidades cometidas contra civis.

“Sem palavras”

O alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, declarou que “não há palavras de condenação fortes o suficiente para atos tão desprezíveis”, citando crianças atingidas por tiros enquanto tentavam correr para locais seguros com suas famílias.

Zeid pediu às autoridades iraquianas que garantam que os responsáveis por “esses horrores” sejam levados à justiça, em conformidade com leis a padrões internacionais de direitos humanos.

Horror

Segundo o Escritório da ONU, no incidente “mais terrível”, em 1º de junho, o Isil supostamente matou pelo menos 163 civis, homens, mulheres e crianças, próximo a uma fábrica da Pepsi no bairro de al-Shifa.

De acordo com relatos, os corpos das vítimas teriam sido deixados na rua por vários dias após os assassinatos. Um número não determinado de civis estão desaparecidos.

As pessoas estavam fugindo dos combates entre o grupo terrorista e as Forças de Segurança Iraquianas.

No mesmo bairro, pelo menos 27 pessoas, incluindo 14 mulheres e cinco crianças, teriam sido mortas pelo Isil em 26 de maio e pelo menos outras 41 em 3 de junho.

Ataques aéreos

Em referência a relatos de vítimas civis em ataques aéreos recentes a uma área controlada pelo Isil no oeste de Mossul, o Escritório da ONU pediu às forças iraquianas e sua coalizão que garantam que suas operações cumpram plenamente com a lei humanitária internacional.

O órgão também pediu que as medidas possíveis sejam tomadas para evitar a perda de vidas de civis.

O comunicado menciona que um ataque aéreo em 31 de maio em Zanjilly, área controlada pelo grupo terrorista no oeste da cidade, teria resultado na morte de entre 50 e 80 civis.

Zeid fez um apelo às autoridades iraquianas que garantam que quaisquer alegações de violações de direitos humanos cometidas pelas forças iraquianas também sejam plenamente investigadas e que os responsáveis prestem contas.

*Apresentação: Leda Letra.

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De acordo com relatos, os corpos das vítimas teriam sido deixados na rua por vários dias após os assassinatos. Foto: Unicef/Romenzi