ONU quer o fim da fístula, um dos ferimentos mais sérios na hora do parto
Condição causa incontinência, dor crônica e infecções, além de vergonha para as mulheres; 23 de maio é Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica; neste ano, meta é levar dignidade para todas as pacientes.
Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque.
Esta terça-feira, 23 de maio, é Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica, considerada pelas Nações Unidas um dos “ferimentos mais sérios e mais trágicos que podem ocorrer na hora do parto”.
A fístula é uma ruptura entre o canal vaginal e a bexiga ou o reto, causada por partos muito prolongados ou complicados, em situações que a grávida não tem acesso à tratamento médico de alta qualidade.
Sintomas
As pacientes ficam com incontinência urinária ou fecal, dor crônica, podem ter infecções e a condição causa até depressão e isolamento social. O Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, calcula que 2 milhões de mulheres tenham a condição.
Mas o conselheiro sênior da agência da ONU, Elizeu Chaves, explica ser possível evitar a fístula obstétrica. Ele foi entrevistado pela ONU News em Nova Iorque.
Como prevenir
“Normalmente é consequência de um trabalho de parto prolongado, os bebês quase sempre morrem, é um absurdo que ainda exista. Normalmente a fístula está vinculada a características de pobreza, situações em que o sistema de saúde não funciona para atuar na prevenção e na provisão de serviços obstétricos de emergência. Então realmente é muito triste. Normalmente está vinculado à falta de serviços de saúde adequados, em que os profissionais tem o treinamento para identificar e fazer o tratamento obstétrico de emergência, muitas vezes recorrendo à cesárea.”
Segundo Elizeu Chaves, países desenvolvidos praticamente erradicaram a fístula obstétrica. A maioria das mulheres com a condição vive na África Subsaariana, na Ásia e nos países árabes, com casos registrados também na América Latina e no Caribe.
Dignidade
São registrados por ano entre 50 mil e 100 mil novos casos de fístula obstétrica. Nos últimos 14 anos, o Unfpa contribuiu para que 85 mil mulheres e jovens pudessem fazer a cirurgia reparadora, sendo 15 mil somente no ano passado.
O dia 23 de maio foi escolhido pela ONU como a data de observação internacional pelo fim da condição. A organização aproveita para informar as pessoas sobre a fístula obstétrica e neste ano, o tema do dia é “esperança, cura e dignidade” para todas as mulheres.
O diretor do Unfpa, Babatunde Osotimehin, afirma que “chegou a hora de acabar com esse sofrimento”. Acabar com a condição é prioridade para a agência.
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