Perspectiva Global Reportagens Humanas

Casos de cólera no Iêmen já formam crise de saúde pública, segundo Unicef

Casos de cólera no Iêmen já formam crise de saúde pública, segundo Unicef

Baixar

País tem 250 confirmações da doença, mas 11 mil pessoas sofrendo de complicações de diarreia; violência em Taiz já deslocou 50 mil pessoas desde o começo do ano.

Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque. 

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, está alertando para uma nova crise de saúde pública no Iêmen. Já foram confirmados no país 250 casos de cólera, sendo um terço crianças.

O Unicef destaca que 130 pacientes morreram recentemente, muitos vítimas de cólera. Em Genebra, o porta-voz da agência, Christophe Boulierac, deu mais detalhes.

Dificuldades

Segundo ele, a suspeita é de que os casos aumentem porque 11 mil pessoas estão sofrendo de diarreia.

Hospitais e centros de saúde estão com dificuldades para lidar com o grande número de pacientes que chegam de várias partes do Iêmen. Segundo a agência da ONU, várias crianças ficam no chão dos hospitais sofrendo de desconforto, sendo que muitas estão em estado crítico.

Colapso

Para piorar a situação, faltam medicamentos, médicos e enfermeiros, sendo que muitos estão sem receber salário há meses. O Unicef trabalha para fornecer kits de combate à diarreia, tabletes para purificação de água e para conscientizar as comunidades sobre a importância das práticas de higiene.

Como resultado de dois anos de conflito, a agência da ONU explica que “os serviços sociais estão entrando em colapso” no Iêmen. O fraco sistema de saúde e problemas no acesso à água contribuem para que o cólera se espalhe rapidamente.

Desnutrição

O Unicef garante estar, junto com as autoridades de saúde e a Organização Mundial da Saúde, fazendo todo o possível para responder à crise, mas ressalta que “desta vez, o surto é bem mais agressivo do que o de outubro de 2016”.

A agência da ONU destaca ainda que 2,2 milhões de crianças estão desnutridas no Iêmen, incluindo 460 mil de forma severa, com nove vezes mais chances de morrer.

Também nesta terça-feira, a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, informou que os confrontos na região de Taiz já fizeram com que 50 mil pessoas abandonassem suas casas desde o começo do ano.

Nos últimos dois anos, 3 milhões de iemenitas tornaram-se deslocados devido ao conflito. Na semana passada, as equipes do Acnur conseguiram entregar itens essenciais para famílias no distrito de Mokha, um dos mais afetados pela violência em Taiz.

Notícias Relacionadas:

Conselho de Segurança debate combate à violência sexual em conflitos

Doadores prometem US$ 1,1 bilhão para Iêmen

Guterres preside encontro de alto nível sobre crise no Iêmen 

Photo Credit
Equipes do Acnur entregam itens essenciais para famílias no distrito de Mokha. Foto: Acnur/Adem Shaqiri