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Sudão do Sul: um em cada três civis abandonou a casa devido a crises

Sudão do Sul: um em cada três civis abandonou a casa devido a crises

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Agências humanitárias precisam de 1,4 mil milhões para resposta a 1,8 milhão de pessoas nas nações vizinhas; este ano, 370 mil sul-sudaneses já deixaram o mais novo país do mundo.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

Agências das Nações Unidas traçam um quadro preocupante da situação dos sul-sudaneses que procuraram abrigo em seis nações vizinhas devido ao conflito no seu país. Uma em cada três pessoas deixou a sua casa principalmente devido aos confrontos.

Um mapa atualizado, apresentado esta segunda-feira em Genebra, revela que estão disponíveis somente 14% dos US$ 1,4 mil milhão necessários para resposta humanitária a 1,8 milhão de cidadãos do Sudão do Sul até o fim deste ano.

Números recordes

Para o chefe da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, Filippo Grandi, o agravamento do conflito e das condições humanitárias “deslocam números recordes de pessoas” das suas casas.

O responsável disse que 1,8 milhão de refugiados é um número muito alto e equivale à 15% da população sul-sudanesa. Somente em 2017, 370 mil pessoas fugiram do mais novo país do mundo.

Crise

O Uganda tem o maior número de chegadas e espera-se que em breve o país vizinho acolha mais de 1 milhão de refugiados do Sul do Sudão.

Seguem-se o Sudão e a Etiópia com 375 mil cada um, o Quénia com 97 mil, a República Democrática do Congo com 76 mil e a República Centro-Africana com 2,2 mil.

Na origem da chamada “crise de refugiados que mais cresce no mundo” está uma combinação do conflito, da seca e da fome.

O diretor executivo do Programa Mundial de Alimentação, PMA, David Beasley, destacou que o sofrimento do povo sul-sudanês é “simplesmente inimaginável” e que a população afetada está à beira do abismo.

Perigo

O representante disse haver agora um “perigo real de alastramento da fome que foi declarada somente em algumas partes do estado de Unidade pelo país”. O conflito armado aumenta e a falta de fundos e levou ao corte das rações alimentares, numa situação que o PMA considera inaceitável.

O apelo lançado aos doadores é que aumentem o seu apoio aos refugiados sul-sudaneses que estão em situação de desespero e fogem do seu país. A ideia é conceder ajuda essencial às vítimas.

Doenças e fome

Grandi disse que muitas vezes os trabalhadores humanitários não podem chegar às pessoas que passam fome e aos mais vulneráveis, “que muitas vezes perdem a vida também devido às doenças”.

As duas agências fornecem serviços de alimentos, água, nutrição, abrigos e cuidados de saúde aos refugiados.

Neste momento, o PMA fornece alimentos e dinheiro a mais de 1,8 milhão de refugiados nos países vizinhos e revela que a resposta não cobre as necessidades dos cerca de 2 milhões de deslocados internos no Sudão do Sul.

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Jovem refugiado sul-sudanês a ser transportado para o acampamento de Imvepi, ao norte da Uganda. Foto: Acnur/David Azia